quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Mercosul diante da crise global


No conturbado ambiente econômico mundial, às voltas com a crise centrada nos EUA e na Europa, se salva quem tiver força própria em que se apoiar e quem for capaz de se defender em bloco. É o que fazem agora os países integrantes do Mercosul.

A 42ª Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Mercosul e Estados Associados, que se realiza em Montevidéu, deliberou pela adoção de um mecanismo novo para proteger o mercado regional da invasão de produtos de outros países. Cada país do bloco poderá majorar a tarifa de importação de 200 produtos até o limite de 35%, que poderá vigorar até 2014.

A novidade reside no fato de que até ontem todos os países do Mercosul tinham que cobrar a Tarifa Externa Comum (TEC) das importações de terceiros países. Valem agora algumas exceções para itens mais vulneráveis. No caso do Brasil, a lista inclui 100 produtos, incluindo bens de capitais, químicos e têxteis.

O país interessado solicita autorização para sobretaxar produtos cuja importação deseja obstaculizar. Os demais, em regime de consulta, dão o consentimento ou não em prazo recorde de poucas semanas.
Ainda podem ser acrescidas medidas de socorro a países mais necessitados de crédito, por exemplo.

O sentido dessas medidas está justamente na unidade dos países membros a base da solidariedade e da ajuda mútua. Um passo importante para o fortalecimento do bloco, que vem explorando convergências há duas décadas. Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, e mais recentemente Venezuela o integram.

O Mercosul tem celebrado acordos de cooperação com países cujas relações comerciais interessam diretamente aos seus integrantes, a exemplo de Israel, Egito e, desde ontem, a Autoridade Palestina.

Pode ser o Mercosul um elemento de dinamismo e fortalecimento da recém-criada Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), composta por trinta e três países da região, excluindo os EUA e o Canadá e incluindo Cuba.

Na economia altamente globalizada, aos países emergentes ou em desenvolvimento cabe essa estratégia. Agir em bloco em função de interesses comuns e encarar com altivez as relações com os EUA e a Comunidade Europeia. Desse modo reúnem melhores condições de sobrevirem à crise global e ainda contribuem para a transição em curso da ordem unipolar vigente para uma nova ordem multipolar, em que as relações entre os países sejam menos assimétricas e favorecedoras das grandes potências militares e econômicas, como ocorre na atualidade.

Demais, a reunião de Montevidéu dá sinais de que o Mercosul continua vivo, contrariando os prognósticos pessimistas dos saudosistas das velhas relações de submissão do subcontinente sul-americano aos EUA.

Por: Luciano Siqueira

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