segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Porto de Galinhas: A ameaça do Lixo


Um mar de moscas, montanhas de detritos de todos os tipos, cheiro de carniça e gente disputando espaço com uma nuvem negra de urubus em meio a tratores que apenas empurram o lixo de um lado para outro. É assim que funciona o que deveria ser um aterro sanitário, para cuja implantação a Funasa destinou R$1 milhão
O lixo é despejado no alto de uma colina, de cujas encostas escorre o Cho rume que termina no rio Maria Velha, um pequeno afluente do rio Merepe que deságua na praia de Muro Alto. Esta fica vizinha à famosa Porto de Galinhas, onde se concentram os principais e mais luxuosos resorts do litoral Sul de Pernambuco. Coincidência ou não, as areias do que já foi um paraíso já não são tão brancas e finas como costuma exaltar a propaganda oficial.
Segundo a prefeitura de Ipojuca, o município de 80.637 habitantes produz 3 mil toneladas de lixo doméstico por mês. O secretário adjunto de Infra-estruturar, Alcindo Dantas, garante que a coleta cobre 100% da cidade, mas não sabe informar o destino do lixo industrial de Suape, complexo portuário que também fica no município.
Todos os detritos coletados pela prefeitura são atirados ao ar livre sem nenhum tratamento, entre os engenhos Água Fria e Caetés, a sete quilômetros da rodovia que dá acesso à praia de Porto de Galinhas. E chegam em caminhões em cujas caçambas há fotografias dos atrativos turísticos de Ipojuca, inclusive o mar cristalino e as piscinas dos arrecifes de coral de Porto de Galinhas. As imagens paradisíacas nos caminhões contrastam com o que se vê no meio do canavial.
A situação de Ipojuca difere por completo da de Gravatá, na região agreste, onde um aterro sanitário verdadeiro funciona tão bem, que é cercado por quatro condomínios de luxo. Ele é formado por oito células, distribuídas em dez hectares e foi inaugurado em 2000. Sua implantação custou R$ 480 mil provenientes do Ministério da Saúde e do Ministério do Meio Ambiente. Por conta desse aterro, que traz vantagens para o meio ambiente, a prefeitura tem direito a um incentivo do governo do estado, o ICMS ambiental, uma espécie de crédito "verde" que rende, em média, R$ 2 milhões aos cofres municipais por ano.

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