
O estudo explica que, nos últimos 300 milhões de anos, a química marinha sofreu “profundas mudanças”, embora nenhuma “tão rápida, grande e global como a atual”. A acidificação marinha acontece à medida que o CO2 emitido pela atividade humana – originada fundamentalmente pela queima de combustíveis fósseis – é absorvido pelos oceanos.

Segundo o especialista, “as águas de altas latitudes, como o oceano Ártico ou o Austral, que são muito frias e, portanto, muito ácidas e ricas em CO2, alcançarão em uma ou duas décadas condições químicas que impedirão que os organismos com carapaça sobrevivam”.
Além disso, os experimentos desenvolvidos em áreas mais quentes com corais, como a grande barreira australiana, demonstraram que, “neste lado (do Pacífico), esta cadeia de corais está bastante afetada, enquanto na parte do Índico – provavelmente porque estas águas são mais temperadas – os corais continuam crescendo”.
Atualmente a zona mais afetada, segundo Pelejero, é a costa oeste do Pacífico, onde os criadores de ostras já percebem que a fertilidade e o crescimento dos moluscos são cada vez menores. “O estudo permite aventurar que nas zonas tropicais – que por terem águas mais quentes não toleram tanto CO2 -, a insaturação chegará mais tarde, em cinco décadas”, especificou.
Embora as pesquisas sobre a acidez dos oceanos costumem basear-se em simulações realizadas em aquários, para este estudo foram realizadas análises paleontológicas e geoquímicas. O trabalho também detalhou momentos da história da Terra associados com uma profunda acidificação, como o máximo térmico do Paleoceno-Eoceno há 56 milhões de anos, quando as emissões vulcânicas e os hidratos de metano congelados nos fundos marítimos liberaram na atmosfera grandes quantidades de CO2.

Até mesmo nesse momento, quando aconteceram grandes extinções, a injeção de CO2 aos oceanos foi, pelo menos, dez vezes mais lenta que a atual, o que permite prever consequências mais catastróficas à mudança antropogênica atual”, advertiu Pelejero. A única solução é reduzir as emissões de CO2 de maneira drástica e mudar o mais rápido possível o atual modelo energético, ressaltou outra colaboradora do estudo, a pesquisadora Patricia Ziveri.
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