Se encontrar um objeto perdido dentro de casa não é tarefa fácil, quem dirá localizar uma pessoa escondida em qualquer cidade do País. Além das dimensões físicas de uma residência e de um País serem bem diferentes, canetas, chaves e carteiras não se deslocam, ao contrário dos humanos, principalmente quando estão fugindo da Justiça. Procurar sem ter ideia de onde encontrar é realmente complicado. Mas tem quem goste desse desafio e o encare como profissão. Esse é o caso dos policiais que atuam na Delegacia Interestadual de Capturas.
Todos os dias, as três equipes de investigadores da especializada encontram, em média, duas pessoas que têm mandado de prisão expedido pela Justiça. Atingir essa meta não é simples, já que raramente o documento judicial mostra o “caminho das pedras”, segundo a titular da Delegacia de Capturas, Beatriz Gibson. “Normalmente, recebemos apenas a determinação e não nos é informado o possível paradeiro do foragido. Ou seja, temos que fazer um levantamento detalhado até concluirmos o serviço”, disse a delegada, que está à frente da instituição há mais de três anos.
Para chegarem ao fim do trabalho com êxito, os investigadores exploram o serviço de inteligência. “Não dá para bater na casa de uma pessoa e perguntar se ela está lá. É preciso, antes de fazer a abordagem, ter certeza do paradeiro do nosso alvo”, disse Beatriz. O “tiro no escuro” é evitado com vários artifícios, que a polícia prefere não externá-los para não facilitar a vida dos criminosos. “Temos nossos truques, que são fundamentais para conseguirmos levantar dados. Além disso, contamos com o comprometimento dos policiais, que, em alguns casos, trabalham a qualquer hora e até nos finais de semana”, concluiu a delegada.
O agente Antônio Marinho, de 37 anos, que está na Delegacia de Capturas há mais de três anos, garante que mesmo de folga fica prestando atenção às pessoas que estão a sua volta. “Não dá para relaxar, pois o foragido que estamos procurando pode estar em qualquer lugar”, explicou. A atenção do policial rendeu uma captura em pleno domingo de Carnaval. “Este ano, estava brincando na frente da Prefeitura de Olinda, quando visualizei um alvo que eu estava tentando encontrar. Ele estava se divertindo, assim como eu. Não tive dúvidas. Com calma, fui até ele e dei voz de prisão”, contou o policial.
A dedicação dos policiais da especializada é traduzida em números, quando é feita a avaliação da Operação Malhas da Lei, da Secretaria de Defesa Social (SDS), que recompensa financeiramente os funcionários da segurança pública que mais retiram procurados da Justiça das ruas. Em 2011, a Delegacia de Capturas cumpriu 545 mandados, sendo 491 criminais, de acordo com o coordenador setorial da instituição, André Leal. “No ano passado, só não ficamos em primeiro lugar no ranking de mandados cumpridos em dezembro”, disse o policial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário