Annan está na Síria como parte de um esforço internacional de diplomacia para pôr fim à escalada de violência. Durante a reunião, que durou mais de duas horas, Assad prometeu que a Síria apoiará "qualquer esforço honesto para se achar uma solução".
Presidente Bashar al-Assad (dir.) durante encontro com Kofi Annan, enviado conjunto da ONU |
"A Síria está pronta para fazer com que qualquer esforço honesto para se achar uma solução para os eventos que estamos testemunhando vire um sucesso", disse Assad, segundo a agência estatal de notícias Sana. "Nenhum diálogo político ou atividade política pode dar certo enquanto houver grupos armados terroristas operando e espalhando caos e instabilidade."
A televisão estatal síria disse que o encontro entre Annan e Assad aconteceu em uma "atmosfera positiva". Depois, Annan almoçou com o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid ad-Moallem.
Enquanto Annan se encontrava com Assad, grupos de oposição disseram que novos conflitos e bombardeios foram registrados na cidade de Idlib, próximo à fronteira com a Turquia.
O grupo Observatório Sírio para Direitos Humanos disse que os bombardeios são os mais pesados desde a semana passada, quando um reforço do Exército chegou à região. Os ativistas acreditam que isso pode ser o prenúncio de um novo ataque terrestre, a exemplo do que aconteceu na cidade de Homs.
Um ativista em Idlib disse à agência de notícias Reuters que tanques do governo estão entrando na cidade. A agência AP noticiou que algumas famílias estavam deixando Idlib com seus pertences.
De acordo com o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, a tarefa de Annan em sua viagem é obter o fim imediato da violência, tanto por forças do governo quanto por manifestantes da oposição – que já se manifestaram contra a ideia de se reunir com representantes do regime. Annan deve encontrar-se na noite de sábado com integrantes do Comitê Nacional de Coordenação, grupo formado por opositores. No domingo, ele deve deixar a Síria.
Encontro no Cairo
A visita de Annan coincide com um encontro de ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe, no Cairo, com o chanceler russo, Sergei Lavrov. A Rússia é um dos países que têm vetado resoluções da ONU contra o regime de Assad.
Diante das autoridades árabes, Lavrov buscou defender a posição do país em relação à Síria, dizendo que a intenção é prevenir interferência nos assuntos domésticos de cada nação. “Não estamos protegendo nenhum regime”, insistiu o chanceler. “Estamos protegendo leis internacionais. Não estamos atrás de nenhum prêmio ou interesse geopolítico.”
Lavrov sugeriu que os países do mundo árabe, que vivem uma onda de revoltas populares, devem se preocupar com este tipo de interferência. “Acreditamos que todos devem ser muito cuidados ao lidar com os problemas que seus países estão enfrentando”, afirmou.
Falando depois de Lavrov, o primeiro-ministro do Catar, Hamad Bin Jassem Al Thani, criticou as palavras do chanceler russo. “O governo sírio está cometendo um genocídio”, afirmou.
Após a reunião, Lavrov disse que a Rússia e a Liga Árabe acertaram um plano de cinco pontos para pôr fim à crise na Síria. A iniciativa prevê o fim da violência, a criação de um mecanismo neutro que supervisione o cessar-fogo, a não intervenção estrangeira, o acesso à ajuda humanitária e o apoio à missão de Annan para promover o diálogo.
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