quarta-feira, 20 de junho de 2012

A febre do rato vai pegar

O poeta vaga pelas ruas soltando palavras, sugerindo divagações em forma de versos. Sua cidade é o Recife, seus amigos são um coveiro, alguns malandros, uns beberrões, todos trabalhadores a seu jeito. O poeta se chama Zizo e é personagem de Febre do rato, o novo longa-metragem de Cláudio Assis, que estreia nesta sexta-feira. Mas o poeta, na transposição entre ficção e realidade, é também o próprio Assis: com uma trajetória torta, bem ao gosto dos poetas, ele vem há anos sacudindo o cinema brasileiro.

Febre do rato é apenas o terceiro longa-metragem de Assis, mas é raro encontrar alguém com uma cinematografia tão impactante. Ninguém ficou indiferente a Amarelo manga, seu primeiro longa, lançado há dez anos no Festival de Brasília, de onde saiu com uma série de prêmios, inclusive o de melhor filme.

O choque se repetiu em 2006 com Baixio das bestas, novamente vencedor em Brasília e ainda premiado no Festival de Roterdã, na Holanda. O que chamava a atenção de todos, admiradores e críticos de seus filmes, era a maneira direta com que ele abordava personagens em situações variadas de violência — não apenas física e sexual, mas sobretudo social.

"Quero fazer cinema com respeito, olhando no olho. Odeio um cinema de faz de contas. O cinema precisa de atitude, é uma arte que propõe mudanças", diz Assis, numa entrevista num boteco do Rio, entre taças de vinho para inspirar e copos de água para refrescar. "As pessoas, hoje, não lutam mais para mudar as coisas. Elas lutam para garantir a mesmice, seus empregos, seu statu quo. Meu novo filme, o Febre do rato, é direcionado para a juventude, porque a gente mostra que cada um pode fazer o que quer. O poeta é você, e cabe ao poeta lutar".

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