O tomate está mais caro. Desde a implantação do Plano Real, em 1994, o valor do produto teve a maior alta no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), com um reajuste de 93,12%. Apenas este ano, até junho, o preço do tomate já havia tido um acréscimo de 10,38%. Em relação ao Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M), o avanço deste item foi menor, mas ainda sim expressivo, de 51,28%, ante 17,57% verificados na leitura de junho.
O Recife integra a lista das seis capitais onde o consumidor está pagando mais pelo quilo do fruto. A média do quilo desde o início do mês é de R$ 3,55, ante os R$ 2,55 do mês anterior. “O efeito de encarecimento está mais concentrado no Sul-Sudeste. Porém, quando o produtor começa a enviar a demanda para os estados dessas regiões, o consumidor costuma enfrentar a alta do preço, porque passa a faltar na região de origem”, explicou o economista da Fundação Getulio Vargas/Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre), André Braz.
De acordo com ele, o aumento do preço está relacionado ao inverno mais rigoroso. “Temperaturas muito baixas impedem o amadurecimento do fruto na época da colheita, então, se não colhe no tempo certo, começa a faltar no mercado e o preço sobe”, explica. “Não é típico assistir altas de preços no mês de julho”, complementa.
No restaurante D’Leve, em Boa Viagem, o tomate está presente em 40% dos pratos do cardápio, cujo foco é a alimentação saudável. Mensalmente, são consumidos entre 50 e 55 quilos do fruto. O aumento do preço já surtiu em um acréscimo de 45% nas contas. “Por enquanto, vamos segurar o preço atual do cardápio, com a esperança de que no próximo mês haja um recuo no quilo do tomate”, comentou a responsável pelo setor de compras do restaurante, Narcele Beckman.
O preço também começa a ser sentido nos lares dos consumidores, como no de Elenilza Maria Correia. “Venho sentindo que o tomate está mais caro desde o início do mês. Por isso, ao invés de comprar um quilo, estou comprando meio quilo. Para a salada, agora estou cortando as rodelas mais finas, do tipo ‘chega dá para ver o outro lado do mundo’ para economizar”, brinca. Ainda segundo a dona de casa, outra saída para fugir do preço alto é comprar na feira livre de Água Fria, onde alguns comerciantes vendem a R$ 1 um pacote com cinco tomates.
No Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE) o produto ainda pode ser comprado mais em conta. “No contexto não tivemos alta, pois a caixa com 25 quilos continua sendo vendida ao preço de R$ 35, como em junho”, disse o diretor Técnico Operacional do Ceasa, Paulo de Tárcio. O entreposto vem sendo a saída da professora aposentada Sueli Amorim. “Sábado passado encontrei o quilo do tomate por R$ 2, quando na quitanda perto da minha casa estava custando R$ 4”, comentou Sueli, que consome cerca de quatro quilos de tomates por mês.
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