sábado, 4 de agosto de 2012

Em SP, Milton Nascimento revive tempos de Clube da Esquina


Com a casa lotada, as luzes se apagaram e o palco se iluminou em azul para a entrada de Bituca - apelido carinhoso pelo qual Milton também é conhecido. Sob muitos gritos e aplausos, ele entoou os primeiros versos de Cais, seguido por um solo de piano executado por ele com maestria.
Em Vera Cruz, a virtuosa banda que acompanha o cantor exibiu a influência do jazz, gênero de que Milton é um confesso admirador. Após agradecer a presença dos fãs e dar voz a Canção do Sal, o músico chamou Lô Borges, amigo de longa data, desde os tempos do Clube da Esquina.
Lado a lado e com violões, os dois cantaram Clube da Esquina 2, que levou ao público a nostalgia da Belo Horizonte dos anos 1960. Em dueto, eles reviveram com harmonia a canção que compõe o álbum de 1972, marco na música brasileira.
Já sozinho no palco, depois de Lô Borges interpretar Nuvem Cigana, Milton pegou o violão e o microfone: "essa próxima música eu escrevi para a minha mãe", dedicou ele, ao contar que Anima não possui letra pois não seria possível encontrar algo "tão lindo" quanto a matriarca.
Depois de reverenciar a "África, berço de meus pais"com Lágrimas do Sul, o público vibrou logo na primeira frase de Amor de Índio, composta por Beto Guedes e Ronaldo Bastos, também membros do Clube da Esquina.
Quando Milton chamou o segundo convidado da noite, porém, os fãs não se animaram tanto. Tímida, Sandy subiu ao palco e agradeceu pela participação. "Sou muito fã desse fera e estou privilegiada por estar aqui", disse ela, ao emendar Morro Velho. No final, no entanto, o público ovaciona a cantora.
"Vamos cantar juntos agora?", convida a filha de Xororó, enquanto Milton se dirige ao meio do palco com um violão. Em dueto, os dois dão voz a Nos Bailes da Vida. Mais à vontade com Bituca ao seu lado, Sandy chama a plateia para acompanhar a letra com palmas.
Novamente apenas com sua banda, Milton leva os fãs ao êxtase com Maria, Maria, que ele embala com passos de dança um pouco mais ousados. Depois de todos aplaudirem em pé, o músico chama Lô para voltar ao palco. "Estou muito honrado e muito feliz", diz o mineiro.
Animados, os amigos interpretaram, desta vez sem o violão, a canção Nada Será Como Antes. Sob o som do saxofone, Milton e Lô se divertiram dançando juntos, frente a frente. Abraçados, eles ainda acompanharam o baixista durante o solo de Para Lennon e McCartney.
Depois de uma rápida saída de Bituca do palco - quando Lô interpretou, sozinho, O Trem Azul e Um Girassol da Cor de Seu Cabelo - ele voltou para cantar, sem o amigo, a faixa Sofro Calado. Acompanhado apenas pelo som do piano, o silêncio do término da canção foi rompido por gritos de "bravo!", vindos da plateia.
Após se despedir de seus convidados, Milton contou a história de Canção Da América, que ganhou a voz de vários artistas. "Tem uma música que fiz baseada em uma amizade e que eu não sabia que ia fazer tanta confusão no mundo", brincou, ao pedir que apenas o público cantasse para ele. Em coro, os fãs interpretaram a canção, enquanto Bituca se deliciou com a cena.
Para fechar o show, nada menos esperado do que Travessia, que compõe o LP homônimo de 1967. Com o público aplaudindo em pé, Milton abraçou a sua banda e, juntos, fizeram um sinal de reverência, como agradecimento ao público fiel que o acompanha há 50 anos.

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