segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mantega diz que incentivos vão reforçar a economia brasileira


Em meio à guerra travada entre o governo e os servidores federais, que reivindicam aumento de até 56% no ano que vem — pleito que, se atendido, custará R$ 92,2 bilhões anuais aos cofres públicos —, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prega o bom-senso. Ele garante que o funcionalismo já foi agraciado com reajustes salariais expressivos no governo Lula e, na média, a maior parte das carreiras ganha mais do que trabalhadores da iniciativa privada que exercem funções 
semelhantes. Na avaliação dele, com o país ainda sentindo os efeitos da grave crise internacional, o governo tem por obrigação estabelecer prioridades. E, neste momento, são os investimentos em infraestrutura.
Isso não quer dizer, no entender de Mantega, que o Palácio do Planalto deixará de contemplar categorias nas quais se identifiquem distorções salariais, como é o caso dos professores universitários, que receberão aumento de até 45% nos próximos três anos. Ele ressalta, também, que não há nenhuma discriminação da presidente Dilma Rousseff em relação ao funcionalismo. Tanto que ela concedeu, neste ano, reajuste de 4,5% a boa parte dos servidores, mesmo com todas as restrições orçamentárias.
Para o ministro, a hora é de focar na retomada do crescimento econômico, que trará benefícios a todos, não apenas a um grupo específico. A seu ver, a virada da economia já começou e uma revolução silenciosa está se consolidando para sustentar o avanço consistente da atividade assim que o quadro internacional desanuviar.
Mantega garante que o repique da inflação em julho não muda os rumos da política monetária do país — leia-se, corte de juros —, avisa que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal forçarão os bancos privados a reduzirem as taxas cobradas de consumidores e empresas e prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) fechará o ano com um ritmo de expansão de 4%. “A taxa média de crescimento ideal para o Brasil, no entanto, é de 5% ao ano”, diz. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista que o ministro concedeu ao Correio Braziliense.
Por que a economia brasileira parou de crescer?
O Brasil não parou, apenas desacelerou, em função, principalmente, do agravamento da crise internacional, que teve consequências nos mercados mundiais, que encolheram. Com o fechamento de importantes mercados, como os da Europa, e o baixo dinamismo dos Estados Unidos, grandes exportadores, como Alemanha e China, se desesperaram. Os países asiáticos em geral são essencialmente exportadores e não têm mercado interno capaz de absorver a própria produção, elevando o seu interesse em exportar para os mais diversos mercados do mundo. O Brasil, que tem um dos mercados mais dinâmicos e um dos que mais crescem no mundo, acabou sofrendo uma invasão de importados. Em 2011 e neste ano, assistimos a um avanço extraordinário das importações. É natural que houvesse esse grande interesse pelo Brasil.
Um exemplo da invasão de importados foi o setor automotivo?
Exato. O país se tornou, no período, o terceiro maior comprador de automóveis, superando a Alemanha e ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Eu olhava esse avanço nos gráficos do comércio de carros, com a participação dos importados saindo de 10% para 15% e, depois, para 20%, até o ponto de nos levar a tomar a medida de elevação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), para dar uma segurada. Não podíamos permitir isso, pois queremos consolidar a indústria brasileira como uma das maiores do mundo. E o problema não envolveu apenas carros, mas também os têxteis, os bens de capital, entre outros setores. Nossos concorrentes manipulam o seu câmbio, desvalorizando as suas moedas. Ainda lançaram mão de todo tipo de subsídios disfarçado para nos exportar a preços de banana. A nossa indústria perdeu espaços em um mercado doméstico que vinha crescendo, com boa parte do crescimento sendo aproveitado pelos importados.

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