quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Réu do caso Celso Daniel nega participação e diz ter sido torturado


Um dos acusados de participar na morte do prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel (PT), o réu Elcyd Oliveira Brito (o John) negou a participação no crime.
No julgamento que ocorre nesta quinta-feira (16) no Fórum de Itapecerica da Serra (SP), John também afirmou que foi torturado para confessar a participação no assassinato.
Escolhido para coordenar a campanha que levou o ex-presidente Lula ao poder, Celso Daniel foi encontrado morto com oito tiros em Juquitiba (SP) após dois dias de sequestro, em janeiro de 2002.
"Fui forçado a várias coisas que não deveria fazer nesse processo", afirmou o réu. "Me prometeram mundos e fundos. Diziam que se eu aceitasse [a confessar] me dariam a liberdade, se negasse ficaria o resto da vida na cadeia", completou.
Ele disse ter sido torturado pela polícia com choques e socos. Anteriormente, em depoimentos na polícia, Ministério Público e Justiça, John confessou ter feito parte do sequestro que acabou na morte de Daniel.
Antes de dar seu depoimento, duas testemunhas de defesa falaram que o réu e sua família são "pessoas de bem".
Estava marcado para hoje o julgamento do réu Itamar Messias Silva dos Santos, mas seu júri foi remarcado para o dia 22 de novembro.
O advogado de Itamar, Airton Jacob Gonçalves Filho, alegou que não poderia participar do júri porque tem outro julgamento marcado para hoje em São Paulo. Ele também disse que, por motivo pessoal, não poderia fazer a defesa.
Os dois acusados podem ser condenados a até 30 anos de prisão. Eles são acusados pelo Ministério Público de estarem envolvidos no sequestro que acabou com a morte do prefeito.
Em maio, Itamar e John deveriam ser julgados com outros três réus, mas tiveram o júri remarcado depois que seus advogados se retiraram.
Na oportunidade, eles alegaram que teriam menos tempo de defesa que a acusação.
O júri de hoje é presidido pelo juiz Antonio Augusto Galvão de França Hristov e tem como promotor Marcio Augusto Friggi de Carvalho. Os dois participaram o julgamento que ocorreu em maio.
Dos sete réus do caso, quatro já foram condenados. Ivan Rodrigues da Silva (Monstro), José Edison da Silva e Rodolfo Rodrigo dos Santos (Bozinho) foram condenados a 24, 20 e 18 anos de prisão, respectivamente.
Em 2010, Marcos Bispo dos Santos foi condenado a 18 anos de prisão.
Aguarda o julgamento o principal réu, Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de ser o mandante do crime.
A defesa de Sombra nega todas as acusações. Ele ainda não foi levado a júri porque tentou derrubar no Supremo Tribunal Federal o poder de investigação do Ministério Público.
O questionamento, em tese, já foi negado pelo Supremo. Dos 11 ministros, seis votaram no sentido de que não houve ilegalidade na apuração.
A ação, porém, está parada a espera do voto do ministro Luiz Fux, que pediu vista.
AÇÃO CÍVEL
As condenações do caso serão usadas pelo Ministério Público no julgamento de outra ação que corre na Justiça, vinculando o crime a um suposto esquema de corrupção do PT.
A Justiça aceitou a denúncia da Promotoria que tem como réus o partido e o atual ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência). A acusação é de desvio de R$ 5,3 milhões dos cofres de Santo André para financiar campanhas do PT.
A ação de improbidade administrativa corre paralelamente à esfera criminal. A Promotoria sustenta que Daniel descobriu que parte do dinheiro desviado para o caixa dois do PT foi embolsado por envolvidos no esquema. A partir daí, o Sombra teria contratado um grupo para matar o prefeito.

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