quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Cães ajudam a tratar crianças

João Renan Bonifácio de Paiva, de 5 anos, só queria mesmo era pentear a cadela da raça Golden Retriever chamada Poli. Internado há quase dois meses, e perto de passar pela terceira cirurgia cardíaca, o pequeno não parou de distribuir sorrisos. Isso porque nesta terça-feira (09), no Hospital Barão de Lucena (HBL), no bairro da Iputinga, Zona Oeste da cidade, foi lançado o projeto Cães Doutores, que irá usar os animais no tratamento médico de crianças internadas ou em consulta no hospital. A ideia inicial é levar, a cada 15 dias, os cachorros adestrados do Kennel Club de Pernambuco para ajudar na recuperação das habilidades motoras e cognitivas das crianças. O HBL é o primeiro hospital do Estado a implantar o método, chamado de cinoterapia.
“A cinoterapia é um método no qual o cachorro atua como mediador de um tratamento. O objetivo é incluir essa terapia no plano de tratamento das crianças, buscando amenizar a estadia delas no hospital”, disse a terapeuta ocupacional e cinoterapeuta do HBL, Andréa Souza. Todo o trabalho é realizado no pátio da instituição e apenas as crianças com autorização médica poderão participar. No entanto, a intenção é que o projeto passe a funcionar semanalmente e contemple, no futuro, os pacientes que não podem sair da ala hospitalar. “Queremos levar o cão para dentro da enfermaria. Hoje, regiões do Sul e Sudeste do País já fazem esse trabalho. Existem pesquisas comprovando que os cães ajudam a diminuir a depressão e aumentar a afetividade e as defesas do corpo”, acrescentou a especialista. A terapia dura cerca de uma hora, e ainda não tem um dia fixo na semana para acontecer.
No primeiro dia do projeto, em meio aos soros e agulhas, as cerca de oito crianças puderam esquecer um pouco a dor. A brincadeira rolou solta com os cães das raças Golden Retriever, Fox Paulista, Dachshund e Border Collie, que foram selecionados por serem mais sociáveis e dóceis. “Foi feito um trabalho de adestramento com os cães para que pudesse haver essa interação”, explicou o diretor de adestramento do Kennel Club de Pernambuco, Joaquim Cavalcanti. O Club estará em parceria com o hospital no projeto. Quem também abraçou a causa foi o voluntário do HBL, José Ivan Sobral. Dos 11 cães que tem em casa, acabou levando a cadela Florzinha, da raça Dachshund, para apresentar aos pacientes. “Eles ficam encantados. Muitos, que não conseguem fazer os exercícios de fisioterapia, acabam realizando os movimentos quando estão na presença dos animais”, contou ele, que já participou de outras cinoterapias.
Quem também adorou a surpresa foi a pequena Brenda Martins de Lima, de 7 anos, que há cinco dias está internada por causa da dengue. “Gosto de cachorros, mas tenho um pouco de medo”, disse a pequena, mesmo tendo alisar um dos bichinhos no pátio. “Esse projeto ajuda e muito. Hoje mesmo tivemos de trocar, mais uma vez, a agulha da mãozinha dela. Tudo isso é ruim para uma criança. Com essa atividade, fica mais fácil encarar a internação”, disse a avó da menina, Edjane Martins dos Santos.

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