quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Genoino pede demissão do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa

Um dia depois de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, o ex-presidente do PT José Genoino anunciou nesta quarta-feira que pediu demissão do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa. Ele comunicou a renúncia na sede do diretório nacional do PT, em São Paulo, onde leu "carta aberta ao Brasil", na qual se diz vítima de uma injustiça monumental".Além de informar a renúncia do cargo, Genoino disse que sai com a consciência dos inocentes, sem vergonha de nada. E que está indignado porque considera sua condenação "uma injustiça monumental".

Invocando a frase do escritor Mário Quintana: "Eles passarão, eu passarinho", Genoino leu o texto de uma folha e meia com os olhos marejados, porém manteve um tom altivo, dizendo que, apesar de se dizer que as decisões do STF devem ser cumpridas, ele se reserva ao direito de discordar e discutir a sentença que lhe foi imposta e que será obrigado a cumprir. "Como posso esperar um julgamento sereno, num momento em que juízes são pautados por comentaristas políticos", criticou. E destacou que o julgamento coincidiu "matematicamente" com as eleições municipais.

No final do texto, Genoino diz que sua condenação é uma tentativa de condenar também o seu partido, o PT e que setores contrários ao partido fracassarão porque a população "sempre nos favorecerá. E diz que continuará a lutar com todas as forças por um Brasil melhor, "como sempre fiz".

Reunião do PT

Genoino participou na manhã desta quarta-feira da reunião do Diretório Nacional do PT, na capital paulista, onde leu a carta renúncia. Membro do diretório nacional do partido, Genoino chegou de carro pela garagem e não passou pela entrada onde se concentram os jornalistas.

O encontro deve reunir aproximadamente 84 lideranças do PT e, oficialmente, a pauta é o segundo turno das eleições municipais. Neste encontro, os petistas devem definir a política de alianças para esta etapa das eleições e as estratégias que serão adotadas no processo. Contudo, o mensalão é um tema que deverá estar também nas conversas.

Já estão na sede do partido o presidente nacional da sigla, Rui Falcão, o senador Humberto Costa, candidato derrotado à prefeitura de Recife, e o ex-governador de Mato Grosso do Sul Zeca do PT, dentre outros dirigentes. Além de Genoino, outro membro do diretório petista, o ex- ministro José Dirceu, que também foi condenado pelo STF, poderá comparecer ao encontro.

O ex-governador Zeca do PT revelou que o julgamento do processo do mensalão durante as eleições municipais "não teve nenhuma repercussão" no seu Estado. Mas que a condenação de dirigentes da legenda nesta etapa poderá influenciar o processo eleitoral em geral. "Agora (com as condenações de Dirceu e Genoino) é um outro momento", ponderou. Ele considerou a manifestação de Dirceu em seu blog "emocionante e fiel à história política" do ex-ministro. Para Zeca, o STF sofreu influência da imprensa neste caso: "Teve muita influência da mídia."

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