Um dia depois de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no
processo do mensalão, o ex-presidente do PT José Genoino anunciou nesta
quarta-feira que pediu demissão do cargo de assessor especial do
Ministério da Defesa. Ele comunicou a renúncia na sede do diretório
nacional do PT, em São Paulo, onde leu "carta aberta ao Brasil", na qual
se diz vítima de uma injustiça monumental".Além de informar a renúncia
do cargo, Genoino disse que sai com a consciência dos inocentes, sem
vergonha de nada. E que está indignado porque considera sua condenação
"uma injustiça monumental".
Invocando a frase do escritor Mário
Quintana: "Eles passarão, eu passarinho", Genoino leu o texto de uma
folha e meia com os olhos marejados, porém manteve um tom altivo,
dizendo que, apesar de se dizer que as decisões do STF devem ser
cumpridas, ele se reserva ao direito de discordar e discutir a sentença
que lhe foi imposta e que será obrigado a cumprir. "Como posso esperar
um julgamento sereno, num momento em que juízes são pautados por
comentaristas políticos", criticou. E destacou que o julgamento
coincidiu "matematicamente" com as eleições municipais.
No final
do texto, Genoino diz que sua condenação é uma tentativa de condenar
também o seu partido, o PT e que setores contrários ao partido
fracassarão porque a população "sempre nos favorecerá. E diz que
continuará a lutar com todas as forças por um Brasil melhor, "como
sempre fiz".
Reunião do PT
Genoino
participou na manhã desta quarta-feira da reunião do Diretório Nacional
do PT, na capital paulista, onde leu a carta renúncia. Membro do
diretório nacional do partido, Genoino chegou de carro pela garagem e
não passou pela entrada onde se concentram os jornalistas.
O
encontro deve reunir aproximadamente 84 lideranças do PT e,
oficialmente, a pauta é o segundo turno das eleições municipais. Neste
encontro, os petistas devem definir a política de alianças para esta
etapa das eleições e as estratégias que serão adotadas no processo.
Contudo, o mensalão é um tema que deverá estar também nas conversas.
Já
estão na sede do partido o presidente nacional da sigla, Rui Falcão, o
senador Humberto Costa, candidato derrotado à prefeitura de Recife, e o
ex-governador de Mato Grosso do Sul Zeca do PT, dentre outros
dirigentes. Além de Genoino, outro membro do diretório petista, o ex-
ministro José Dirceu, que também foi condenado pelo STF, poderá
comparecer ao encontro.
O ex-governador Zeca do PT revelou que o
julgamento do processo do mensalão durante as eleições municipais "não
teve nenhuma repercussão" no seu Estado. Mas que a condenação de
dirigentes da legenda nesta etapa poderá influenciar o processo
eleitoral em geral. "Agora (com as condenações de Dirceu e Genoino) é um
outro momento", ponderou. Ele considerou a manifestação de Dirceu em
seu blog "emocionante e fiel à história política" do ex-ministro. Para
Zeca, o STF sofreu influência da imprensa neste caso: "Teve muita
influência da mídia."

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