Os números ainda são pequenos, se comparados com os sepultamentos tradicionais, mas a cremação de corpos começa a ganhar adeptos no Grande Recife. Nos últimos três anos, cerca de 1.500 cadáveres foram incinerados em dois cemitérios particulares que oferecem o serviço, um em Paulista e outro em Jaboatão dos Guararapes. Independentemente do tipo de funeral que tiveram, os mortos são homenageados hoje, no feriado nacional pelo dia de finados.
Regulada pela Lei Federal nº 6015, em vigor desde 31 de dezembro de 1973, a cremação pode ser realizada sem restrições nos casos de morte natural. “Se houver necessidade de abrir inquérito para investigar a causa da morte, o serviço só pode ser realizado com autorização da Justiça”, explica Débora Almeida Vieira, supervisora do cemitério Memorial Guararapes, em Jaboatão. Inaugurado em agosto de 2010, já incinerou mais de 500 corpos.
A Igreja Católica não condena o ritual. “"Aceitamos e temos oração própria para o corpo cremado"”, diz o vigário-geral da Arquidiocese de Olinda e Recife, José Albérico Bezerra de Almeida. "O importante é o respeito ao corpo e a decisão tomada porque a pessoa acredita na reencarnação do espírito. “Está no nosso ritual: tu és pó e ao pó retornarás. A cremação é mais higiênica, moderna, lógica e racional”", destaca o padre.
O judaísmo faz outra leitura da mesma passagem bíblica e não aprova a cremação de cadáveres. “Está escrito na bíblia, do pó vieste e ao pó voltarás. Isso significa que a pessoa quando morre deve retornar à terra”, diz a pesquisadora Beatriz Schvartz, assessora de cultura do Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco. A cremação é aceita, segundo ela, em casos extremos, como epidemias, e com ordem do rabino.
Para o vigário-geral da Igreja Anglicana, o pastor Geison Vasconcellos, a cremação é uma escolha de foro íntimo das famílias. “O que vai ser enterrado ou cremado é um corpo inerte. Naquele momento já houve a separação entre matéria e espírito. Como não há implicação espiritual, não há problema com a cremação”, diz o pastor, explicando que essa é sua opinião pessoal e a concepção defendida por parte dos evangélicos da Igreja Anglicana.
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