Hospitais filantrópicos em protesto

Todos os 14 hospitais filantrópicos de Pernambuco paralisam os serviços eletivos prestados à população no dia de hoje. Durante este período, apenas casos de urgências e emergências serão atendidos. O protesto faz parte do Ato de Mobilização Nacional e visa a chamar a atenção do Governo Federal para a necessidade do reajuste de 100% da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) para procedimentos de média e baixa complexidades.

Dentre as instituições que aderiram a paralisação no Estado está o Hospital Infantil Maria Lucinda, localizado no Parnamirim, na Zona Norte do Recife, que conta com 90% dos seus 178 leitos destinados ao atendimento pelo SUS. De acordo com o superintendente da unidade, Luiz Alberto de Araújo, a paralisação tem o objetivo de alertar a população sobre a situação em que se encontram estas casas de saúde. “Os hospitais filantrópicos são responsáveis por 56% de todos os leitos do SUS no Brasil. Então, é um terceiro setor com importância muito grande e que, ao longo desses anos, sofre com a defasagem na tabela de repasse do SUS, sobretudo para procedimentos de média e baixa complexidades”.

Ainda segundo Luiz Alberto, isso tem causado grande prejuízo aos hospitais, que arcam com boa parte do que é gasto em cada procedimento. “De cada R$ 100 que gastamos com assistência, seja atendimento ou cirurgia, o SUS cobre apenas R$ 60. Temos uma defasagem por unidade de atendimento de cerca de 40%. Isso, ao longo do tempo, causa dificuldades grandes aos hospitais”, revelou.

No Maria Lucinda, a situação só não está mais complexa porque há outras fontes de arrecadação, segundo o superintendente. “Com muita dificuldade, estamos nos mantendo, porque além do SUS nós temos 10% do faturamento proveniente de pacotes e alguns convênios. Também te­mos o telemarketing, que tem ajudado, e a sociedade de amigos dos hospitais, que também consegue recursos que complementam a defasagem do SUS. Mas nos últimos meses está cada vez mais difícil, frente ao aumento do salário de médicos e o preço de medicamentos, que tem impactado de forma negativa no faturamento”, afirmou Luiz Alberto.

Conforme dados da Federação dos Hospitais Filantrópicos de Pernambuco (Fehospe), as instituições filantrópicas de saúde são responsáveis por cerca de 148 mil atendimentos por mês e disponibilizam 100% das suas vagas de UTI e leitos crônicos para o SUS. Um exemplo do papel social desses hospitais para a atenção dos pacientes é que nas cidades de Olinda e Jaboatão dos Guararapes 70% dos leitos oferecidos são de hospitais filantrópicos como o Hospital do Tricentenário e os hospitais Memorial Guararapes e Memorial Jaboatão. O ato, que acontece em todo o País, é organizado em conjunto pela Confederação das Santas Casas de Misericórdia e pela Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, em parceria com as federações e frentes parlamentares estaduais.