O setor de minérios e carvão mineral foi o que mais usou a malha ferroviária brasileira para o transporte de carga no ano passado, apontou levantamento, divulgado nesta quarta-feira (3), pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). O segmento representa 77% da produção escoada pela via férrea. Em seguida, aparece o agronegócio, com 14,4%. Na avaliação da entidade, os setores devem continuar a ser os de maior destaque para cumprimento da estimativa de crescimento de 24,7% nos próximos três anos.
"Desde 1997 [quando teve o programa de concessões do sistema ferroviário no Brasil], a participação do agronegócio aumentou quase 500%. Isso é muito expressivo, levando em conta que 32% da safra de grãos no país estão passando pela ferrovia", disse Rodrigo Vilaça, presidente executivo da ANTF. No mesmo período, de 1997 a 2012, a movimentação de minérios e carvão mineral pela via férrea aumentou 109,54%.
Os demais setores que também usam a malha ferroviária ainda o fazem em pequeno percentual: produtos siderúrgicos (3,77%), derivados de petróleo e álcool (2,79%) e insumos de construção e cimento (0,52%). "Buscamos tecnologias mais avançadas para alcançar nichos de mercado que até então não são nossos. Podemos, sim, começar a sermos competitivos como o sistema rodoviário. Certamente vamos ampliar esse escopo de produtos trabalhados", declarou Vilaça. Hoje, 58% do que se produz no campo chegam aos portos pelas rodovias, enquanto 25% usam os trilhos.
Em termos gerais, a movimentação de cargas na malha ferroviária brasileira cresceu 1,3% em 2012 na comparação com o ano anterior. Foram 481 milhões de toneladas no ano passado ante 475 milhões em 2011. Em comparação com 1997, quando eram transportadas 253,3 milhões de toneladas, houve um aumento de 90%. Os transportadores estimam que, nos próximos três anos, esse volume deve chegar a 600 milhões de toneladas.
A entidade destaca, entre as principais dificuldades para o crescimento do transporte intermodal, o atual sistema tributário, a falta de incentivos fiscais para a construção de terminais multimodais e as condições de acesso ferroviário aos portos. "O PIS [Programa de Integração Social] e a Cofins [Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social], que são impostos federais, custam para nós, da ferrovia, 23%. Para usuários de rodovia, 4%", exemplificou Vilaça.
O levantamento mostra também que em 2012 a prestação do serviço de transporte ferroviário de cargos por quilômetro (km) útil cresceu 2,5% na comparação com o ano anterior, passando de 290,5 bilhões de tonelada por km útil para 297,7 bilhões. A ANTF aponta que em 16 anos houve um incremento de 117% na produção das ferrovias. "Isso representa mais que o dobro do PIB [Produto Interno Bruto] no mesmo período, que foi 55%", comparou.
O setor também registrou aumento de 8,9% na geração de empregos diretos e indiretos na comparação com 2011. A quantidade de trabalhadores passou de 41.555 para 45.153. Somente as obras de construção da nova malha da Transnordestina e do trecho do Alto Araguaia-Rondonópolis, no Centro-Oeste, criaram 11.350 empregos. A ANTF estima que até 2015 as concessionárias devem empregar cerca de 60 mil funcionários.
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