E não apenas eles. É provável que o grande acerto de Abrams nos dois
exemplares desperta o interesse e aproximação do não-fã a sofisticada
trama intergaláctica que saiu da cabeça deGene Roddenberry e brilhou na
TVnos anos 1960. Umdos vetores quemovimentam essa aproximação é amaneira
como Abrams aposta nos atores - em particular Chris Pine (como Capitão
Kirk) e Zachary Quinto (como o vulcano Spock) -, que incorporam com
correção o perfil dos personagens já tão familiares na história.Este destaque vai para as diferenças e aproximações que tornam a dupla de amigos queridos entre si. Detalhes que aparecem de cara na sequência de abertura do novo filme. A Entreprise - aeronave da tripulação - está disfarçada submersa num mar de um planeta remoto para que os nativos do local não a descubra. Enquanto isso, Spock está no coração de umvulcão prestes a entrar em erupção. Para não quebrar o protocolo, o vulcano não se importa em morrer na missão. Para salvar o amigo, Kirk não se importa em quebrar o protocolo e mostrar a nave aos nativos.
A brincadeira, que já enche os olhos pelo belo visual e efeitos 3D caprichados da produção, é só um aperitivo que reforça o quanto os dois pensamdiferente, mas partilhamdo mesmo sentimento de amizade. Uma destas situações, inclusive, pode intrigar alguns trekker, pois a força da camaradagem entre Kirk e Spock os coloca numa situação em que Spock chora. Para qualquer humano, não há nada de extraordinário numa lagrima escorrendo pelo rosto. Mas quando se trata de um vulcano, diriam os trekkers, isso seria inadmissível, uma vez que a tal raça é guiada essencialmente pelo raciocínio lógico. Para aliviar alguma possível irritação pela lágrima de Spock, o novo filme dá uma ponta a Leonard Limoy, 82 anos - ator que encarnou Spock na TV e nos seis filmes que foramao cinema entre 1979 a 1991.
No filme, J. J. Abrams aproveita-se também desta característica de Spock para criar um humor refinado. Não são poucas as situações aqui em que Kirk ou Uhura (o affair de Spock, vivida por Zoe Saldana) contradizem razão com reações espontâneas da emoção, provocando assim um conflito na cabeça do vulcano.
Com mote simples, J.J. Abrams nos apresenta um filme convincente, descomplicado, mas sofisticado. Com informações que só são críveis porque são dramaticamente muito bem administradas, e no ritmo certo. Do ponto de vista da ação, o filme é uma festa a qual suas 2h20min. passam muito rápido. Atenção para a perseguição à velocidade da luz numa curva intergaláctica. Com este resultado empolgante para “Jornada nas Estrelas 2”, fica a água na boca para o terceiro da franquia, que só estreia em 2016. Antes, em 2015, veremos “Guerra nas Estrelas: Episódio 7”, também conduzido pelas mãos de Abrams. É muita responsabilidade.
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