CabeçanoMundo veio para coroar uma trajetória de dez anos da
Orquestra Popular da Bomba do Hemetério (OPBH). O disco, lançado no fim
do ano passado, é um retrato fiel da proposta do grupo de ser
“universal e inovador”. À frente do projeto, está Francisco Amâncio da
Silva, o Maestro Forró, um músico que desmistifica (e muito) a figura
sisuda de um maestro. Showman, ele canta, dança e rege uma orquestra
inteira com as pernas - de ponta a cabeça por vezes. Foi dele a
iniciativa de reunir 21 pessoas da comunidade da Zona Norte do Recife
para “eruditizar o popular e popularizar o erudito”. Deu certo.
Na última quarta-feira, #CabeçanoMundo venceu
a categoria de Melhor álbum regional, do Prêmio da Música Brasileira.
Maestro Forró estava lá, no palco do Teatro Municipal do Rio de
Janeiro, com seus óculos escuros. “O sentimento é de realização. Uma
injeção a mais para continuarmos produzindo”, definiu o regente. Por
aqui, os músicos ainda estão plenos com a conquista. “Sempre toquei,
mas a OPBH colocou meu nome na praça, me transformou numa referência. A
partir do momento que descobrem que ‘você’ é da orquestra, não te
olham mais como um músico qualquer”, contou o percussionista Cícero
Florenço, o Batom.
O prêmio apontou que o caminho tomado há
mais de dez anos foi o correto. “Forró queria mudar a cena. Ele não
queria o metodismo das orquestras. A proposta, desde o início, era
trabalhar a cultura com uma linguagem inusitada”, lembrou o baterista
Wellington Santos. Para começar, a OPBH não é uma orquestra de frevo.
“Também tocamos frevo, assim como tocamos maracatu, chorinho, ciranda”,
explica o maestro. #CabeçanoMundo é fiel ao discurso. O cosmopolitismo
que permeia o CD - consequência das viagens ao exterior - é um
bate-bola entre várias linguagens. Tem maracatu funkeado, chorinho e
outras canções com arranjo inovador.
Parte da pesquisa de campo
para o trabalho foi feita durante viagens à Turquia, Romênia e
Bulgária, onde gravou o programa Andante, exibido na TV Universitária
aos sábados, ao meio-dia. “Com zabumba, pandeiro, meu corpo e minha
voz, mergulhei na cultura desses países, interagindo musicalmente com
quem faz”, avisa. Numa dessas “imersões”, Forró regeu uma banda
sinfônica militar e, curiosamente, constatou semelhanças com o que é
produzido no Nordeste. “Somos universais. Estamos todos hashtag
conectados,” declarou.
O GRUPO
- A OPBH é formada por 21 músicos, dos 19 aos 35 anos, que ensaiam duas vezes por semana, e seis técnicos.
- Com uma média de 30 shows por ano, a OPBH costuma realizar mais apresentações durante o período carnavalesco e junino.
-
Para o São João, o grupo preparou o show Fole assoprado, em que
reproduzem o som do fole da sanfona com instrumentos de sopro.
-
Andante tem dez episódios e é reprisado aos domingos, às 21h30, na TV
Universitária. Amanhã, dia de capítulo inédito, vai ao ar o programa de
número quatro.
AGENDA
15/06 | Caruaru (palco alternativo)
23/06 | Recife, Sítio da Trindade
24/06 | Tamandaré
28/06 | Caruaru (palco principal)
Nenhum comentário:
Postar um comentário