Depois de mobilizar todos os setores do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) para estudar um prazo mínimo para a realização do plebiscito sobre
reforma política, a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, disse
que "a Justiça Eleitoral está sempre preparada" para realizar consultas
populares. Ela recebeu ontem das mãos do ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, um ofício assinado pela presidente Dilma Rousseff, que
faz uma consulta formal ao TSE sobre o tempo necessário para a
operacionalização do plebiscito.
Cármen Lúcia se reúne hoje com os
presidentes dos 27 tribunais regionais eleitorais (TREs) para buscar um
consenso sobre a data ideal para que os eleitores possam ir às urnas
opinar sobre a reforma política. A tendência é de que a resposta a Dilma
seja dada até o fim da semana. A ministra sinalizou que o TSE está
pronto para cumprir o papel de organizar o plebiscito em pouco tempo. O
governo trabalha para que a consulta seja realizada em setembro, uma vez
que as regras só terão validade nas eleições de 2014 caso as alterações
em lei sejam efetivadas com antecedência mínima de um ano em relação ao
pleito do ano que vem, marcado para 5 de outubro.
Ministros do
TSE ouvidos na semana passada pelo Estado de Minas avaliam que o tempo é
curto para que a Justiça Eleitoral organize o plebiscito, já que o
procedimento envolve a aprovação de resoluções, prazo para propagandas,
convocação de mesários, desenvolvimento de sistemas, deslocamento de
urnas, entre outras medidas. Em 2011, a Justiça Eleitoral levou seis
meses desde a promulgação do decreto de lei que convocou o plebiscito
que tratou da divisão do estado do Pará até a data da consulta aos
eleitores.
Durante a sessão de encerramento do semestre no TSE,
Cármen Lúcia comunicou aos colegas o teor do ofício de Dilma. Ela leu o
texto: "Pretendo sugerir aos membros do Congresso Nacional a realização
do plebiscito sobre reforma política (...) Diante disso, consulto Vossa
Excelência sobre o tempo mínimo bem como os procedimentos necessários
para a operacionalização e a racionalização da referida consulta popular
baseada na Constituição".
"Legalidade"
A presidente do TSE
comentou que ainda não tem previsão sobre o tempo necessário para
organizar o plebiscito e argumentou que é preciso observar procedimentos
internos. "Ainda não tenho nada, absolutamente nada, a dizer sobre os
dados porque é uma consulta que necessita operacionalização", afirmou.
"É certo que a Justiça Eleitoral está pronta e preparada sempre a
cumprir o que a Constituição determina, que é a consulta popular, mas o
TSE tem os seus procedimentos, sistemas, os prazos necessários, e isso
será formalmente analisado", completou Cármen.
O ministro Gilmar
Mendes criticou, durante a sessão, a postura do Palácio do Planalto. Na
avaliação dele, cabe exclusivamente ao Poder Legislativo tratar do
plebiscito. "O Executivo não tem papel nessa matéria, é o próprio
Congresso, e só o Congresso. As coisas estão mal organizadas sob essa
perspectiva", criticou. "É preciso que o próprio Congresso solicite ao
tribunal e não a presidente da República. É preciso que as coisas sejam
orientadas pela pauta da legalidade, é bom consultar os manuais
existentes", completou.
A Constituição determina que somente o
Parlamento pode apresentar um projeto de decreto legislativo que
estabeleça a realização de um plebiscito.
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