“Ainda não é possível obter o quantitativo exato de companheiros parados, mas estamos confiantes de que a porcentagem de adesão será superior aos anos anteriores. O que vemos são trabalhadores sufocados em busca de melhores condições. Não temos o menor interesse na greve, somos obrigados a fazer isso para buscar soluções. Vamos pressionar até o fim”, ressaltou a presidente do sindicato no Estado, Jaqueline Mello. Para ela, além da questão salarial, os bancários são obrigados a realizar longas jornadas, sem intervalos e seriam submetidos ao cumprimento de metas inatingíveis, configurando quadros de assédio moral.
A reportagem do FolhaPE percorreu as avenidas Conde da Boa Vista e Dantas Barreto e, como de costume em dias de greve, encontrou as agências identificadas com os cartazes típicos do movimento, operando apenas com a área dos caixas eletrônicos. Na Caixa Econômica Federal, localizada na avenida Guararapes, muitas queixas dos clientes, atenuada pela falta de informações. “Estou com um problema na minha conta, que está descontando um valor indevido no meu benefício. Pensei que poderia resolver por aqui, mas acabei perdendo a viagem. Não há ninguém para explicar nada”, criticou a aposentada Maria Dolores Silva, de 66 anos.
Na agência do Bradesco, o comerciante Edvaldo Gomes, de 51 anos, enfrentou problemas para concluir suas transações financeiras. Com um cheque e um extenso extrato nas mãos, ele criticou a situação. “Eles esquecem que nem tudo pode ser feito no autoatendimento. Alguns procedimentos precisam de observação presencial e, às vezes, até de aprovação do gerente. Até entendo o direito que eles (bancários) têm de protestar, mas algo deveria ser feito para não prejudicar a população”, disse. A poucos metros dali, nas agências do Itaú e Santander, muitos correntistas tiveram dificuldade para conseguir realizar a leitura de códigos de barra através das máquinas. “Não costumo pagar contas desta forma e agora só me resta esta alternativa para não esbarrar nos juros”, afirmou a dona de casa Ana Elizabete Barbosa, de 44 anos.
Foi possível localizar duas agências funcionando parcialmente, uma delas instalada na rua da Concórdia, no bairro de São José, que concentrou um considerável fluxo de clientes. No local, os interessados conseguiram utilizar os caixas físicos, além de esclarecer problemas e efetivar operações de crédito. “Muitas empresas criam constrangimentos e agem com retaliação para com os funcionários. Apesar de legítimo, grande parte deles é impedida de ingressar no movimento grevista, sendo obrigados a se deslocar para dar suporte a outras agências. É lamentável”, disse um dos diretores do sindicato, Adeilton Filho.
Diante do impasse, muita gente optou por seguir direto para as casas lotéricas, que já registravam filas consideráveis no início da manhã. A procura maior foi pelo pagamento de tributos como água, luz, água, telefone e boletos bancários, além de saques, limitados ao teto de R$ 1.000. “Cada vez mais contamos com uma participação mais ampla dos colegas da Região Metropolitana, a exemplo de Paulista, Olinda, Igarassu e Jaboatão dos Guararapes. No Interior e Sertão do Estado, apesar de ainda moderado, a categoria já entende que também precisa vestir a camisa e lutar pelos seus direitos”, completou a presidente.
Em Pernambuco existem 12 mil trabalhadores, espalhados em mais de 500 agências bancárias. De acordo com o sindicato, entre as reivindicações estão: 11,93% de reajuste salarial, o que representa 5% de aumento real mais inflação; participação nos Lucros e Resultado (PLR) de três salários mais R$ 5.553,15; piso de R$ 2.860,21, que é o salário mínimo estipulado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese); auxílio refeição; 13ª cesta; auxílio-creche de R$ 678; e melhores condições de trabalho.
Fonte: Folha PE
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