terça-feira, 10 de setembro de 2013

Guerra diz PSDB conta com candidatura de Eduardo

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente estadual do PSDB, deputado Sérgio Guerra, afirmou que o seu partido conta com a candidatura presidencial do governador Eduardo Campos (PSB), no próximo ano. O dirigente destaca as postulações do socialista e da ex-ministra Marina Silva são necessárias para levar o pleito para o segundo turno.
Sérgio Guerra ainda crava que o eterno presidenciável José Serra não deixará o PSDB, como se especula ao longo de todo esse ano. Há um convite formal do PPS para que o ex-ministra ingresse na legenda e dispute o Palácio do Planalto. Confira a entrevista:
Valor: Em fevereiro, o senhor disse que Aécio precisava intensificar o ritmo. Já está a contento?
Sérgio Guerra: Aumentou. Desde que assumiu o partido, indiretamente ele faz forte campanha a presidente. Primeiro, porque sendo presidente do partido, tem que interagir com os Estados. Segundo, porque tem que interagir com outros partidos e, terceiro, porque tem que interagir com aliados.
Valor: Nesse ritmo, ele chega bem a 2014?
Guerra: Uma ideia é não fazer nenhuma forma de apresentação acadêmica, clássica. Do tipo “eu vou e atrás vem uma multidão de políticos”. Isso termina afastando o potencial candidato do povo.
Valor: O senhor participou do jantar com Aécio e o governador Eduardo Campos. Do que trataram?
Guerra: Não é novidade que conversem. Eles se falam há muito tempo.
Valor: Mas e das possíveis alianças, não falaram?
Guerra: O PSDB e o PSB não são inimigos. São partidos amigos, que se combinam em certas áreas. Mas os dois projetam disputar 2014 e querem que essa eleição seja grande, múltipla e quebre a polarização e o discurso governamental, de que eles são a favor dos pobres e os outros, contra.
Valor: O PSDB trabalha sua estratégia em um cenário com Campos candidato a presidente?
Guerra: Nós e quase todos. A candidatura de Eduardo, como a de Marina [Silva], são necessárias.
Valor: Para garantir o 2ºturno?
Guerra: Isso o povo já garantiu nas ruas, nos últimos 90 dias. Agora Eduardo tem que resolver um problema. Está fazendo discurso para empresário e precisa fazer para o povo. E discurso para o povo é, primeiro, ele resolver se é da oposição ou do governo. Mas torcemos pela candidatura, não porque pode nos levar ao 2º turno, mas para quebrar essa dicotomia. Quando eles [PT] não têm mais o que fazer, vem o Lula falar da elite contra as massas. Depois, vai jantar com os caras do Bradesco.
Valor: Aécio disse que deseja construir algo ao lado de Campos no futuro, mas o governador não mostra o mesmo entusiasmo.
Guerra: O que Aécio e Eduardo desejam uma política de boa vizinhança. Agora, os partidos, para se juntarem ou se dividirem, dependem das circunstâncias. Por ora, cada um tem seu projeto.
Valor: Concorda que eles disputam o mesmo eleitorado e o mesmo grupo de potenciais aliados?
Guerra: O jogo ainda vai ser jogado. Eduardo não divide só o nosso campo, divide o outro também. A marca dessa eleição é que vai prevalecer não mais as estruturas formais, mas a opinião pública.
Valor: Estudo que um banco americano publicou considera Campos o mais forte adversário de Dilma.
Guerra: Isso é um exercício de futurologia. O Brasil mudou radicalmente nos últimos 90 dias e não sei quantas vezes vai mudar até a eleição. Acho que Aécio e Eduardo vão disputar o campo dos que querem mudar o ambiente. Compreendo a candidatura da Marina como algo que nega o que está aí, mas até agora ela não propôs o que fazer. A negação, em um primeiro momento, tem apoio, mas depois as pessoas vão querer discutir o que fazer. Nesse momento, Aécio e Eduardo terão grande condição de crescimento e acredito mais no nosso candidato do que no do PSB.
Valor: Mas deve haver alguns palanques duplos entre PSDB e PSB.
Guerra: Muito provável. São Paulo e Minas têm muitas chances. [Os partidos] Também conversam em Alagoas, Paraná, em Minas Gerais, podem conversar em Brasília, no Amazonas…
Valor: A iminente prisão dos petistas do mensalão pode beneficiar eleitoralmente o PSDB?
Guerra: Os protestos produziram um choque de realidade e ficou claro que a popularidade de Dilma não era tão sólida. Depois, quando a população volta para casa, uma parte dos que estavam com ela voltam. Mas o governo não recuperou seus fundamentos e está cada dia mais inseguro.
Valor: O governador Geraldo Alckmin também sofreu com as manifestações. São Paulo preocupa?
Guerra: Sim. Acho que no quadro de São Paulo, é claro que o partido tem necessidade de renovação. Ponto. No mais, é um governo convincente. Os governos do PSDB fizeram um trabalho real, concreto. É evidente que é uma questão de renovação, que foi subestimada no passado e espero que não seja no futuro.
Valor: O ex-governador José Serra vem ensaiando uma saída do partido. Como está isso?
Guerra: Não estou informado. Acho que o Serra é um grande político, um homem público impecável, tem imenso prestígio no partido, mas não é o caso de ser candidato a presidente. Não é questão de achar que não tem méritos, é questão de não ser o candidato adequado para essa eleição, até porque o partido tem candidato.
Valor: Mas o sentimento no partido é de que ele fica no PSDB?
Guerra: Acho que ele tem a ver com o PSDB tanto quanto o PSDB tem a ver com ele. Não vai acontecer nada, ele vai continuar no partido.

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