A entrega do selo da Unicef para 31 municípios pernambucanos se transformou, hoje, num palanque político para o governador Eduardo Campos. Os discursos dos que falaram antes dele pareciam todos afinados. Astes de Eduardo subir à tribuna para dar a palavra final e elogiar as prefeituras que se destacaram no tratamento à crianças e adolescentes do semiárido o prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), representante dos demais municípios, levantou a defesa de um novo pacto federal, tão citado por Eduardo, e encerrou a frase da seguinte forma: "continue a olhar o Brasil com esses olhos verdes. São os olhos da esperança. Fafá, daqui a um ano, venha cantar o hino nacional para a gente", afirmou Queiroz, referindo a Eduardo e à cantora Fafá de Belém, que representa as crianças da Amazonas no Unicef. O prefeito rasgou-se em elogios à interprete depois de ela lembrar histórias de Miguel Arraes com lágrima nos olhos e arrematar: "Lindo governador, meu amigo Dudu, você aprendeu tudo. Tem feito por este estado e fará por este país".
O governador Eduardo Campos fez um discurso aproveitando as queixas de Queiroz sobre o que considera má distribuição de recursos entre estados, municípios e governo federal, que seria o concentrador. "Temos dificuldades no semiárido da idade média e eu estava conversando com o secretário de saúde para ver o que poderíamos fazer sobre isso. São doenças negligenciadas, que não existem mais nem remédio. Existem doenças aqui que existem na África. Temos que pensar no semiárdido, não queremos um olhar de pena, não queremos migalhas, não somos apenas urnas, não queremos ser enxergados apenas como um celeiro eleitoral. O Nordeste não é um peso para o Brasil, somos parte da solução".
Segundo o governador, o Brasil praticamente parou de crescer depois de 2010. "Depois de 2010, passamos a crescer quase a metade da América Latina e metade do mundo", afirmou. Ainda de acordo com o governador, o PIB do Nordeste cresceu na última década para 13,5%, mas ele ressaltou ser pouco para superar o desequilíbrio.
O governador também incorporou o discurso ecológico de Marina Silva e defendeu que o bioma do semiárido precisa ser mais estudado, porque há plantas que podem substituir remédios. "Há uma dívida com o semiárido desde a Constituinte de 1988. E temos o suficiente para um novo mundo. A biologia tem que estudar a caatinga", declarou.
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