Uma cirurgia odontológica realizada numa mulher de 78 anos, dependente de um funcionário do Correios, custou aos cofres da estatal R$ 336.044,95 apenas em material, o valor de um apartamento de dois quartos em Jacarepaguá. De acordo com a Autorização de Material para Procedimento Cirúrgico, uma única broca cortante saiu por R$ 19.978. O EXTRA levantou o valor do equipamento em quatro fornecedores e descobriu que o preço pode varia de R$ 10 a R$ 1.000, em função da inespecificidade com que o material foi listado. Existem centenas de tipos de brocas cortantes. O mesmo vale para os demais materiais. No entanto, em todos os itens, o superfaturamento fica claro, a ponto de surpreender o cirurgião que realizou o procedimento.
- É impossível esse material ter
custado esse preço. Deve haver alguma coisa errada. São materiais muito
em conta – afirmou o cirurgião buco-facial Gerson Hayashi, que realizou o
procedimento no Hospital Espanhol.
A Polícia Federal, que investiga um
esquema de desvio de verba por meio de cirurgias superfaturadas pagas
pelo plano de saúde do Correios, está apurando como esses valores foram
aprovados pelos gestores da estatal. A autorização foi dada pelo então
gerente de saúde da empresa, Marcos da Silva Esteves, que teve dois
carros e documentos apreendidos pela PF em sua casa, na semana passada.
O item mais caro da cirurgia de
“osteoplastia de mandíbula, incisão e drenagem de abscesso e
debridamento de tecido desvitalizado” foi um pó hemostático, usado para
estancar sangramento. O produto saiu por R$ 29.050, valor de um carro
popular.
No processo enviado ao Correios para
pagamento da cirurgia, há duas datas diferentes para o dia da operação.
No documento interno do hospital, 7 de março deste ano. Já na
Autorização de Material, 25 de fevereiro deste ano. Um receituário que
descreve o diagnóstico – infecção odontogênica de dentes inferiores,
abscesso em mandíbula, com indicação de remoção e curetagem óssea – e
pede urgência na liberação da cirurgia, data de 21 de fevereiro e tem um
carimbo de cancelado.
A liberação do material acabou sendo
realizada após o procedimento cirúrgico, em 22 de março, e esse fato –
“os materiais já foram usados” – é usado como justificativa para os
valores praticados. Fato idêntico pode ser constatado na documentação
que autorizou o pagamento de R$ 961.886,56 pelo material usado numa
cirurgia de coluna de uma idosa de 80 anos, em março deste ano. O ágio
na nota foi de 1.375%
Fonte: jornal EXTRA em :
outubro 31, 2013

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