Para algumas pessoas, a higiene bucal pode começar longe da boca.
Esse é o caso de quem optou por usar próteses dentárias, sobretudo
adultos e idosos. Porém, o fato de não possuir mais os dentes originais
não elimina o cuidado necessário com a limpeza. Uma das causas de
doenças é justamente a má higienização das dentaduras.
A escovação
deve ser diária e feita depois das refeições e, preferencialmente, com
escovas especiais. Elas possuem formatos ideais para a limpeza do
objeto, com cerdas mais curtas na parte externa e mais longas na
interna. No entanto, esse tipo de material é mais difícil de ser
encontrado e tem preço mais elevado.
Além disso, especialistas
recomendam mergulhar as próteses em uma solução periodicamente. Uma vez
por semana, é preciso misturar uma colher de água sanitária ou oxigenada
em um copo de água e deixar o objeto de molho por 30 minutos, diz Vânia
Araújo, cirurgiã dentista do Conselho Regional de Odontologia de Minas
Gerais (CRO-MG). Em seguida, é importante a enxaguar em água corrente.
“O procedimento vai clarear a dentadura e matar os germes. Além de
contribuir para um hálito mais saudável”.
Os sinais de que a
limpeza não anda bem não diferem muito de quem a faz mal sem dentaduras.
Começa a se formar tártaros e placas bacterianas, películas brancas ou
amareladas que vão se pigmentando com o contato com alimentos. A placa é
considerada a principal causa de cáries e gengivite. “É fácil notar a
má higiene. A prótese fica com aparência de suja, é visível. Às vezes,
chega a um ponto que o paciente nem conseguirá mais limpá-la por conta
própria. Terá de levar a um especialista”, afirma Arlete Oliveira,
professora de Saúde Coletiva na faculdade São Leopoldo Mandic.
A
higiene no restante da boca é ainda mais essencial para pessoas com
próteses dentárias, segundo Vânia. “As próteses usam reentrâncias para
fixação bucal. Geralmente, há deposição de detritos nesses locais,
podendo gerar infecções”. A dentista aconselha a limpeza da língua e da
gengiva, sem a prótese. Tirar a dentadura também possibilita o
autoexame, por esconder, em alguns casos, feridas e outros sinais de que
algo está errado.
Até mesmo o tempo troca de dentaduras,
geralmente cinco anos para as de resina, é influenciado pela limpeza das
próteses. Com o tempo, a dentadura vai se tornando porosa. Com a má
higiene, esses locais são preenchidos por bactérias, sujeira. “Os cinco
anos são uma estimativa. O grau de cuidado é um fator que define a
frequência das trocas”, diz Arlete.
O que se deve evitar
Para
Arlete, o maior erro cometido por adultos e idosos é pensar que a
higiene não é tão necessária quando se tem uma prótese dentária. “É
importante conscientizar as pessoas de que lavar a boca com água não é
suficiente. Mostrar que é preciso usar escova, limpadores de língua e
mucosa”, diz.
Outro equívoco comum é a utilização indiscriminada
de antissépticos bucais. Segundo a dentista, cada produto tem uma
determinada característica e finalidade e não pode ser usado todos os
dias sem recomendação profissional.
O bicarbonato de sódio, assim
como algumas pastilhas especiais, pode substituir a água sanitária e
oxigenada na solução para higienizar dentaduras. No entanto, a
utilização do produto na escova de dente é um erro. “É um hábito comum
que desgasta demais a dentadura”, afirma Vânia. De acordo com a
dentista, o efeito da solução é o mesmo que o da escovação com
bicarbonato e é menos prejudicial.
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