quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

DILMA ANO2-Eleição de 2012 servirá para base mostrar força

A base governista federal deve se dividir nas eleições municipais do ano que vem em uma tentativa dos partidos de mostrarem força nas urnas de olho no tempo restante do mandado da presidente Dilma Rousseff e até mesmo de sua sucessão em 2014.
"Se você não arrisca na eleição municipal, você cria dois problemas. Um é de renovação dos quadros do partido", disse Ricardo Ismael, cientista político da PUC do Rio de Janeiro.
"O outro", acrescentou, "é que só é possível negociar com o PT mais espaço no governo, e até eventualmente um espaço na chapa presidencial, se você mostrar força, e se você sair coligado não mostra força."
Neste cenário em que partidos aliados buscam lançar candidaturas próprias em capitais importantes, duas legendas se destacam: o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o PSD, do prefeito paulistano, Gilberto Kassab.
O primeiro foi um dos partidos que mais cresceu na eleição do ano passado, elegendo seis governadores, quatro deles na região Nordeste, onde tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto Dilma tiveram expressiva votação.
O segundo nasceu este ano, já como terceira maior bancada da Câmara dos Deputados, e disputará no ano que vem sua primeira eleição. As duas legendas vêm, inclusive, se aproximando. Campos compareceu ao lançamento da bancada do PSD em Brasília e as duas legendas têm trabalhado juntas nas discussões de alguns temas no Parlamento.
"O PSB pode se aliar ao Kassab de forma a ter mais municípios, a ter mais força", disse o cientista político Carlos Melo, do Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa. Para ele, os socialistas podem ganhar musculatura com essa aliança com vistas a fazer frente ao PMDB na coalizão de Dilma e até para um voo próprio em 2014.
"Quanto mais fraco o PT sair de 2012, mais suscetível à pressões e à negociações em 2014. Quanto mais forte, o contrário", acrescentou Melo. "A questão é que os partidos da base não estão fracos como estavam no passado."
HEGEMONIA PETISTA
Duas disputas importantes, especialmente por serem travadas no Nordeste, são as das prefeituras de Fortaleza e do Recife, em que o PSB ensaia rivalizar com o PT, que governa as duas cidades.
Na capital pernambucana, o prefeito petista João da Costa deve disputar a reeleição, mas pode ter de enfrentar o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), que mudou seu domicílio eleitoral de Petrolina para a capital. Atualmente, o PSB compõe a base de apoio a João da Costa e o PT pertence à coalizão que apoia Eduardo Campos no Estado.
Já em Fortaleza, a aliança entre os dois partidos está indefinida. O PT afirma que terá candidato próprio, após ter eleito Luizianne Lins por duas vezes, com ajuda do PSB. Mas ala liderada pelo ex-governador Ciro Gomes, defende candidatura própria.
Para Melo, do Insper, outro fator que ajuda a explicar a determinação de alguns partidos da base em lançar voos solos é o descontentamento com uma "hegemonia" petista nas alianças.
"O PT quer a cabeça de chapa em vários lugares, raramente cede a vice, raramente cede na composição", disse Melo, para quem a busca dos petistas pela liderança nas coligações já em 2012 visa a manutenção do controle do partido na eleição presidencial.
Em Porto Alegre, por exemplo, o PCdoB tem uma candidatura competitiva, a da deputada federal Manuela D''Ávila. O PT local, no entanto, já anunciou a pré-candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde, o que complica a adesão dos comunistas a uma aliança com o PT em cidades como São Paulo e Salvador.
OPOSIÇÃO
Para os partidos de oposição a Dilma, especialmente o PSDB, o desafio será, além de vencer em grandes capitais, o de buscar novos interlocutores dentro da própria base governista.
Para o analista Rafael Cortez, da Tendências Consultoria Integrada, alianças com partidos que formam a base de Dilma podem fortalecer a posição tucana em 2014, num eventual cenário em que a situação econômica venha a estar desfavorável e o governo estiver enfraquecido.
"Agora, se for o contrário, num cenário em que a economia caminhar bem, o governo vai ser sempre o favorito", ressalvou.

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