quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Glauber Rocha, esse vulcão

Lançado em dezembro de 1997, há, portanto, 14 anos, Glauber Rocha, esse vulcão, do intelectual, professor universitário, jornalista e escritor João Carlos Teixeira Gomes (Joca), não mereceu, na época de seu lançamento, grande repercussão na imprensa brasileira, excetuando-se algumas publicações. Não se pode compreender tal omissão, considerando que o livro é a mais perfeita biografia do autor de Deus e do diabo na terra do sol. Compareci ao seu lançamento na saudosa Livraria Civilização Brasileira, que ficava situada no primeiro piso do Shopping Barra, em Salvador, e tenho o livro, para minha honra, com o autógrafo do autor. Li-o, na época, de cabo a rabo, quase numa só sentada, porque o estilo de Joca é fluente, escreve bem, convidando o leitor a mergulhar nos seus escritos.
Quero chamar a atenção para o livro do jornalista João Carlos Teixeira Gomes num momento em que outro livro sobre Glauber, pleno de inverdades e informações truncadas, está na crista da onda: A primavera do dragão, de Nelson Motta. Aqui mesmo, no Terra Magazine, há algumas semanas, uma reportagem imensa atesta, colhendo depoimentos de quase todos os sobreviventes da Geração Mapa, os erros cometidos por Motta. Sobre ser uma biografia do cineasta baiano, o maior dos brasileiros em todos os tempos, Glauber Rocha, esse vulcão (Nova Fronteira), é também um livro analítico da filmografia glauberiana. E mais: um resgate saboroso de um tempo baiano que não existe mais: os anos dourados da década de 1950, quando a Bahia fervilhava de talentos e eventos, movimentos e efervescência criadora
Glauber Rocha nasceu em 1939, e, se vivo fosse, estaria com provectos 72 anos, uma idade respeitável, ainda que os progressos da Medicina atualmente façam de um homem dessa idade ainda uma pessoa capaz e atuante. Antigamente, na época de Machado de Assis, por exemplo, um indivíduo, ao entrar na casa dos 40, já era considerado um senhor de idade. Há um trecho num de seus contos exemplares em que Machado dizia que Fulano de Tal, com 41 anos, amargava a velhice que se despertava. Mas Glauber, que morreu em 1981, com a mesma idade do personagem do nosso maior escritor, era um adulto jovem. A imagem que ficou desse que é o mais expressivo realizador cinematográfico brasileiro de todos os tempos é a do Glauber ativo, falante, animador, provocador (basta vê-lo já nos seus estertores no programa Abertura da extinta TV Tupi).

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