segunda-feira, 5 de março de 2012

PT, Lula e Dilma criticam falta de controle de Campos sobre PSB

O PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff têm reclamado da falta de controle do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sobre o PSB, partido do qual é presidente nacional.



A reclamação é parte da pressão para forçar o apoio do partido ao pré-candidato petista, Fernando Haddad, na eleição para a Prefeitura de São Paulo. Nesta segunda-feira, Campos participou de evento na Associação Comercial de São Paulo, no qual afirmou que seu "único compromisso é com o PSB" e que não há nenhum acordo preestabelecido em favor do petista na corrida muncipal.
No final de semana, petistas fizeram chegar a Campos os sinais de insatisfação de Lula e Dilma com a possibilidade de o PSB apoiar o tucano José Serra. Interlocutores do ex-presidente citaram a votação do regime de previdência complementar para servidores públicos como mais um da série de sinais de falta de controle de Campos sobre o partido. “Quase 90% da bancada do PSB votou contra o governo”, reclamou um alto dirigente petista.

Integrantes do grupo próximo a Haddad lembraram que o PSB de São Paulo também ocupa cargos importantes na administração federal. Um exemplo é o ex-deputado Cesar Calegari, que assumiu recentemente a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação.
O exemplo é usado para rebater o argumento de que o presidente estadual do PSB, Márcio França, ocupa a Secretaria de Turismo no governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Em São Paulo, Campos se encontrou com o o prefeito Gilberto Kassab, que apoia a candidatura de Serra, primeiro durante um jantar na noite de domingo e, depois, em um almoço nesta segunda. Apesar de o prefeito de São Paulo ter garantido que "não houve nenhuma conversa sobre questões político-partidárias na noite de ontem", Campos afirmou ter conversado sobre o assunto com Kassab.

Em coletiva, Campos garantiu que a decisão quanto ao apoio em São Paulo será feita de maneira conjunta com a sigla e que esse processo não se concluirá antes de junho. Ele acrescentou que não há uma imposição do diretório nacional pelo nome de Fernando Haddad (PT). "Essa discussão tem que ser pactuada dentro do partido. Por isso que não vai haver decisão nas próximas 48, 72 horas."
O presidente do PSB negou que haja um acordo entre ele e o ex-presidente Lula pelo apoio a Haddad e disse que seu "compromisso é com o PSB". "Nós não temos nenhuma decisão preestabelecida em relação a município nenhum no Brasil, muito menos em relação a São Paulo."
O governador pernambucano tinha uma conversa marcada com Lula no domingo. O encontro, no entanto, foi adiado em função da piora do estado de saúde do ex-presidente. Lula escalou então o próprio Haddad para falar em seu nome com Campos.
O petista disse nesta segunda-feira que teve uma conversa por telefone com o presidente do PSB. Segundo Haddad, o diálogo foi amistoso no qual ambos trocaram informações sobre o quadro eleitoral partidário. Por volta das 8h30, Lula telefonou para Haddad, contrariando orientações médicas.
Em conversas reservadas, no entanto, os petistas não escondem a irritação. “Aos olhos de Dilma e Lula o PSB está abraçando o PSDB. Uma coisa é apoiar o Aécio (Neves), que faz oposição com base no diálogo. Outra é apoiar Serra, que tem sido o maior crítico ao governo”, reclamou um dirigente. “Ele (Campos) sabe que se apoiar Serra o PSB terá que deixar o governo federal no dia seguinte”, completou.
Segundo fontes petistas, a insatisfação com o PSB foi tema da conversa entre Lula e Dilma na última quinta-feira, em São Bernardo do Campo.

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