quarta-feira, 27 de junho de 2012

73% dos recifenses estão endividados

A Pesquisa Mensal de Expectativa de Consumo feita pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), que entrevistou 642 recifenses, mostra que quase 73% deles estão endividados. O número é 8,3% maior que o registrado em janeiro deste ano e, segundo o coordenador da Pesquisa, o economista Djalma Guimarães, é resultado das políticas de incentivo ao consumo do Governo Federal, como redução de impostos e de juros. As taxas para empréstimos dos bancos estão no mesmo nível desde 2000 e, nesse caminho, a inadimplência bateu recorde de alta no mês passado, segundo nota de crédito divulgada pelo Banco Central: alcançou 6%, maior percentual desde junho de 2000, com o início da série histórica. O cenário é claro: “a renda das pessoas tem crescido menos que o nível de consumo”, disse Guimarães.
Mesmo endividados, os recifenses que responderam à pesquisa pretendem continuar comprando - principalmente bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis. As medidas do Governo, explicou o economista, estão se tornando um problema porque, com a economia crescendo menos, o mercado de trabalho também cresce menos. O estudo analisou o nível de endividamento das famílias, de acordo com o percentual da renda dos consumidores comprometido com dívidas, e apontou que, em junho, 31,1% dos entrevistados afirmaram possuir um volume de dívidas superior ou igual ao total de sua renda. Em janeiro, tal percentual era de 25%.
Outro problema apontado pelo IPMN é que 30% dos endividados declararam que não organizam orçamento. Então, “com menos dinheiro e sem planejamento, teremos consumidores inadimplentes”, analisou Guimarães. “Não há fórmula mágica: ou você pontua os gastos ou a situação financeira ficará complicada”. Para complicar, segundo a pesquisa, boa parte das dívidas é contraída com cartão de crédito e cerca de 13% dos entrevistados afirmou que pa­gam o valor mínimo da fatura. Isso implica pagar uma das taxas de juros mais altas do mercado.
A redução das taxas de juros só é mesmo vantajosa para consumidores organizados. Guimarães explica que a compra de um carro zero pode ter taxa zero, no financiamento direto com montadora, e de 0,77%, com o Ban­co do Brasil - se a entrada for de 50% do valor do veículo. “Para quem não se organiza e vai comprar a prazo, a taxa chega a 1,70% por mês”.

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