quarta-feira, 27 de junho de 2012

Mendonça e Raul Henry azedam a relação


A saída do PMDB do bloco oposicionista, com a retirada da candidatura do deputado federal Raul Henry (PMDB) a prefeito do Recife, para apoiar o pré-candidato do PSB, Geraldo Júlio, estremeceu as relações dos então aliados, até o último domingo (24). Acusado de fazer jogo duplo pelo presidente estadual do DEM e também postulante, deputado Mendonça Filho, o peemedebista deixou de lado o estilo comedido e fez um desabafo que deveria estar guardado há um bom tempo. Através de nota, disse que Mendonça representa tudo que é mais ultrapassado na política. Também via nota, o democrata disse não entender que falta de unidade da oposição seja motivo para aderir ao Governo.
Na sua justificativa para não apoiar Mendonça Filho, Raul Henry argumentou com o seguinte questionamento: “Por que, mesmo pontuando razoavelmente nas pesquisas, ninguém quer a companhia dele?”. “O fato, que independe da nossa vontade, e que ele insiste em ignorar, é que sua candidatura simboliza o que existe de mais conservador e ultrapassado, nesse cenário eleitoral do Recife”, disparou o peemedebista. Numa entrevista à Rádio CBN, Henry repetiu o teor da nota e pediu “respeito” à decisão tomada pelo PMDB.
O troco de Mendonça foi dado, em seguida, à reportagem por telefone: “Interpreto essa postura - de Raul Henry - como de alguém que não tem resposta política adequada para a situação e transfere os fatos para um ataque meramente pessoal”.
À noite, o democrata enviou uma nota à Imprensa para reforçar a mágoa com o ex-aliado. “Para mim, é novidade que a ausência de unidade na oposição imponha adesão ao Governo. Qualquer pessoa que analise friamente o desfecho desse processo, vai ver que o PSB queria indicar o candidato número um e ainda escolher o ‘suposto’ candidato da oposição”, alfinetou, Mendonça Filho. “Se essa análise incomodou o deputado Raul Henry, lamento, mas é a minha opinião. Até onde sei, a liberdade de opinião é um dos pilares da nossa democracia”, finalizou. Houve ainda uma nota assinada pela Juventude Democratas de Pernambuco, que entrou em campo para defender o presidente estadual da legenda.
O tom do desabafo de Henry reforça os comentários dos bastidores, que indicavam um sentimento presente na oposição de que o grande empecilho para a união do grupo era a rejeição dos outros partidos à candidatura de Mendonça, que por sua vez negava-se a retirá-la. O nome do peemedebista poderia contar com menor rejeição, mas uma condição imposta pelos demais para apoiar o PMDB seria que todos os partidos retirassem suas respectivas candidaturas, inclusive o DEM. O que não ocorreu, e acabou empurrando Raul Henry precocemente para uma aliança com o PSB, que possivelmente já vinha sendo costurada desde o estremecimento entre socialistas e petistas, mas estava prevista para acontecer apenas em 2014, ou em um possível segundo turno entre PSB e PT, no pleito deste ano.
O que resta da oposição ainda procura uma solução para enfrentar o pleito recifense, mas, com o tempo se esgotando, fica cada vez mais difícil o entendimento. Tanto que o DEM antecipou, do sábado para a sexta-feira, a convenção que homologará a candidatura de Mendonça Filho.

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