BRASÍLIA, 10 Jul (Reuters) - O prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), disse na CPI do Cachoeira nesta terça-feira que não ofereceu vantagens ao empresário Carlinhos Cachoeira e à construtora Delta depois que assumiu o cargo em 2004, conforme indicou vídeo em poder da comissão que mostra uma reunião entre Cachoeira e o petista durante as eleições de 2004.
Nesse vídeo, gravado ilegalmente por Cachoeira, Raul Filho diz ao empresário que Palmas é um lugar cheio de possibilidades a serem exploradas e que sua ajuda, se fosse eleito, dependeria "da área que vocês querem atuar".
O prefeito, que já enfrentou processo de expulsão no diretório regional do PT no Tocantins, não contou com o apoio dos parlamentares do partido durante a sessão. Nenhum dos petistas defendeu Raul Filho e a maioria deles deixou o plenário da comissão antes mesmo dos questionamentos do relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que fez questão de explicitar a trajetória política do prefeito.
Raul Filho disse que começou sua carreira no PDS, depois migrou para PFL, mais tarde se transferiu para o PSDB, passando pelo PPS e finalmente, em 2003, se filiou ao PT, que estuda abrir um processo interno contra ele na sua comissão de ética.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse que o prefeito tinha que "ter ficado em pé" no depoimento para ganhar apoio do partido e lembrou do depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), dizendo que a performance de Raul Filho tinha ficado muito abaixo do outro colega de partido.
À CPI o prefeito afirmou que estava apenas tentando conseguir apoio financeiro para a campanha, porque em Palmas não estava conseguindo os recursos de empresas.
"Eu gerei uma falsa expectativa para ele", afirmou. "Não há nada que vincule o senhor Carlos Cachoeira à administração de Palmas", acrescentou.
Apesar disso, o petista admitiu que a construtora Delta teve contratos com sua administração desde o início da gestão. Segundo as investigações da CPI mista, Cachoeira era sócio oculto da empreiteira na região Centro-Oeste.
Entre 2005 e 2012, Raul Filho disse que a Delta recebeu cerca de 70 milhões de reais por contratos na área de limpeza e conservação da capital tocantinense. Quatro dos seis contratos da empresa foram firmados sem licitação.
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