A convivência passiva com a dor e uma imediata redução na qualidade de vida tem sido a realidade de cerca de 15% das mulheres brasileiras, que sofrem, na maioria das vezes sem a orientação médica adequada, com as complicações decorrentes da endometriose. As causas da doença ainda são desconhecidas, apesar da forte tendência hereditária, e entre os principais sintomas estão fortes dores menstruais, incômodo durante as relações sexuais, sangramento intenso e dificuldade para engravidar, algumas vezes culminando em um estado de infertilidade.
A endometriose é caracterizada pela presença irregular do endométrio, tecido responsável pelo revestimento interno do útero, que a cada mês fica mais espesso à espera de uma gestação. Quando a mulher não engravida, ele descama, sendo eliminado como sangramento vaginal na menstruação. O problema ocorre justamente quando parte desse sangue migra no sentido oposto, recaindo nos ovários, trompas ou na cavidade abdominal.
“A população feminina precisa desconstruir esta visão de que a cólica é um sintoma natural na vida da mulher, isto não é verdade. Estamos falando de uma doença séria, grande responsável pela ausência ao trabalho, escola e na vida social como um todo. É importante procurar um ginecologista e iniciar um tratamento adequado”, esclarece o Dr. Maurício Simões Abrão, presidente da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE).
Os sintomas podem surgir desde a primeira menstruação, ainda na adolescência, e se estender até o último ciclo, variando de acordo com cada pessoa. Os males são reduzidos a partir da menopausa, em razão da queda na produção dos hormônios. O meio de diagnóstico definitivo mais usado para detectar a endometriose é a laparoscopia, bastante popular entre os consultórios médicos.
De acordo com o ginecologista Carlos Alberto Petta, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apesar de não ter cura, a doença deve ser rigorosamente tratada. “Sem o devido acompanhamento os casos podem evoluir e comprometer diretamente a outros órgãos.
Apesar da enfermidade estar entre as causas possíveis da dificuldade para engravidar, a fertilidade pode ser reestabelecida, se for direcionada por um profissional da área”, salientou.
Um novo medicamento, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), chega ao mercado brasileiro com a proposta de reduzir gradualmente, através de uso contínuo, as dores pélvicas decorrentes da endometriose. Produzido pela indústria farmacêutica Bayer HealthCare e batizado de Allurene, os comprimidos estão sendo apresentados em larga escala, em diversos países.
Desenvolvido a partir do composto sintético dienogeste, semelhante ao hormônio feminino progesterona, a nova droga foi concebida a partir de diversos estudos e chega às farmácias com a promessa de reduzir os incômodos efeitos colaterais presentes em formulações anteriores. Entre as principais queixas estão o ganho de peso, perda de massa óssea e problemas no segmento psicológico.
Para Theo van der Loo, presidente da companhia no Brasil, o novo medicamento representa um expressivo avanço na área médica “Foram necessários mais de 15 meses de intensa pesquisa e um árduo trabalho realizado por nossos profissionais, em diferentes partes do mundo. Hoje podemos assegurar a eficácia do produto e reafirmar nosso compromisso de qualidade”, destacou o gestor.
A nova formulação já está sendo comercializada, ao preço de R$ 180,00, em caixas com 28 unidades. A quantidade perfaz o ciclo inicial do tratamento, composto por quatro semanas. Até o momento não foi sinalizado qualquer projeto de inclusão do remédio em políticas públicas de saúde ou projetos ligados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
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