quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Estudantes avaliam sistema de cotas


Nos últimos anos, mudanças nos processos de vários vestibulares das universidades públicas ou federais no Brasil têm trazido dúvidas, angústias e novas perspectivas para alunos do Ensino Médio. Na última segunda-feira, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi a última das grandes instituições federais no Estado a divulgar o seu processo de vestibular. Já a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), na terça-feira, estabeleceu o percentual de vagas para cotistas, de 50%, mesmo número definido pelo Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). Na UFPE, o sistema de cotas iniciará com 16,65%.
Com o benefício, alunos de colégios públicos ganham a possibilidade de ocupar cada vez mais espaço nestas universidades. A Folha conversou com quatro alunos, dois de escolas particulares e outros dois de escolas públicas do Recife. Maria Helena Andrade Souza, de 17 anos, e Isabel Castro de Andrade, 16, estudam no Colégio GGE. Elas buscam vagas, respectivamente, no curso de Engenharia da Computação e no CTG. Já Pedro Santos Nogueira, 17 anos, quer uma vaga em Publicidade, e Joeb Andrade, também 17, optou por Artes Cênicas. Ambos são alunos do Ginásio Pernambucano.
Sobre as cotas para estudantes de escolas públicas, os quatro acreditam que é uma medida benéfica, mas todos fazem ressalvas. “Acredito que é importante garantir o acesso a alunos da rede pública sim, mas também acho que 50% das vagas é um número alto, é como se o Governo assumis­se que as suas escolas são primárias. Foi um alívio saber que nesse primeiro momento a UFPE vai delimitar esse número em 16%”, disse Maria Helena.
Para Pedro, o benefício equaliza o acesso. “A nossa escola é muito boa, mas nem todo o mundo tem essa sorte. Sabemos que muitas escolas públicas não têm a mesma qualidade e estrutura e essa reserva ajuda para que cada vez mais estudantes tenham esse direito”. Joeb concorda: “Antes, eu achava que era uma coisa que não fazia sentido, mas ouvi de um amigo um argumento que eu achei sensato: se as universidades são órgãos públicos, é justo que alunos de escolas públicas tenham prioridade”. Os meninos, no entanto, discordam das cotas raciais. Pedro se autodeclara pardo, e Joeb, negro. O primeiro já fez a sua matrícula na UFPE e abriu mão do benefício. Joeb pretende fazer o mesmo. “Acho que essa é uma forma de discriminação. Todos somos capazes. Acredito que todos temos que receber uma boa educação. Todos temos a mesma capacidade”.
Os dois garotos concordam que, dentro da rede pública de ensino, os alunos que estudam em escolas integrais ficam em uma situação vantajosa em relação a maioria de ensino regular (segundo dados preliminares do Censo 2012, das 796 escolas de Ensino Médio do Estado, 217 são integrais e 579, regulares). “Sem dúvidas, as integrais acabam propiciando um melhor ambiente. Mas, por outro lado, muita gente acha que essa é simplesmente uma forma de deixar os alunos ocupados por um dia inteiro. Aqui, temos a sorte de ter uma boa quadra, laboratórios, biblioteca e o principal: um quadro de profissionais muito dedicados. Vemos que os nosso professores se esforçam por nós, mas não é assim em todo lugar”.
Esta semana, uma boa notícia foi a divulgação da data de inscrição para o Vestibular da UFPE. “Foi um alívio. Ouvimos todo o tipo de boato, que a nota seria somente a do Enem, que a prova seria 27 de janeiro. Tínhamos muito medo de como tudo iria se resolver. O ruim é que vamos perder janeiro como um mês de descanso”, pontuou Isabel.

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