Após oito anos chegou ao fim a batalha judicial entre o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Telecom Americas - da
mexicana América Móvil, controladora da Claro. O banco entrou na
Justiça em 2004 para obrigar a companhia a cumprir o contrato firmado
em 1997, quando a BNDESPar (braço de participações do BNDES) investiu
US$ 164 milhões na compra de ações preferenciais das operadoras
Americel e Telet, depois incorporadas à Claro. A 7ª Vara Federal do Rio
homologou esta semana um acordo entre as partes.
Pelo acerto,
ao qual a Agência Estado teve acesso, o BNDES receberá em torno de US$
220 milhões. Proposto pela Telecom Americas em novembro, o acordo
prevê que o BNDES transfira 34.618.280 ações preferenciais da Claro -
que o banco passou a deter após a conversão de 133.930.222 ações da
Telet e 132.689.911 da Americel. Receberá por elas US$ 160,5 milhões
(cerca de R$ 341,4 milhões em valores atuais). Em cima desse montante
serão aplicados juros de 0,49% ao ano, mais a taxa Libor (taxa de juros
do mercado de Londres) de seis meses, como correção monetária dos
últimos 11 anos. A data-base do acordo é 25 de setembro de 2001, quando
foi sacramentada a venda do controle das duas empresas.
O
pagamento deverá ser realizado em 30 dias, a partir da homologação do
acordo, datada de 26 de novembro. O dinheiro será depositado em uma
conta do BNDES no Citibank de Nova York.
Embora as ações da
BNDESPar fossem preferenciais (sem direito a voto), o acordo de
acionistas garantia ao banco o chamado "tag along" no caso de venda do
controle das duas empresas. Na prática, isso significa que os mexicanos
teriam que recomprar os papéis do banco pelo mesmo valor pago na
operação aos antigos sócios controladores das duas empresas (US$ 160,5
milhões).
Em 2001, a Bell Canada International (BCI) adquiriu
as duas operadoras de telefonia celular. Pouco depois, vendeu o
controle das empresas para a Telecom Americas, controlada pela América
Móvil, do bilionário mexicano Carlos Slim Helú. Na origem, Americel e
Telet eram controladas por um consórcio formado por fundos de pensão,
Opportunity e Grupo La Fonte, que detinham 51%. As estrangeiras BCI e
Telesystem tinham os outros 49%.
Após a operação de troca de
controle, entretanto, o grupo mexicano descumpriu o acordo e ofereceu
ao BNDES apenas R$ 15,43 milhões. O banco recusou e em 2004 entrou com
uma ação na Justiça Federal. O processo judicial foi tão complexo que
acumulou 17 volumes, com documentos e manifestações de Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), Agência Nacional de Telecomunicações
(Anatel) e Ministério Público Federal. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
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