Despreocupado com o tamanho do bloco de máscaras Galo da Madrugada - apontado como o maior do planeta pelo Guinness, o livro dos recordes - e sem nenhuma intenção de disputar com o Bola Preta do Rio de Janeiro quem atrai mais gente, o presidente da agremiação, Rômulo Meneses, estimava que 2,5 milhões de pessoas participassem pelo 36° desfile, que teve início às 09h e lota as ruas de quatro bairros centrais da cidade até o seu final, previsto para as 19 horas.
"Como o São Francisco, que é uma correnteza de água, o Galo é uma correnteza de gente e também é fonte de energia e de renda", comparou, ao convidar o Bola Preta a participar do desfile da agremiação. Para ele, toda esta "polêmica" é positiva: "só fortalece o carnaval de rua".
E a maioria dos foliões ainda prefere o suor e o aperto das ruas ao som do frevo, em detrimento do conforto dos camarotes VIPs que surgiram neste ano oferecendo ambiente climatizado e bandas próprias para animar seus convidados. "Galo é aqui, é no chão, é no meio da massa, com essa energia maravilhosa", afirmou Marcos Barbosa, que, há mais de dez anos, leva sua velha ou é levado por ela para o Galo. A velha é uma boneca que o carrega no estilo "o morto carregando o vivo".
Com ele, concordam grupos fiéis ao Galo, que acompanham o bloco desde quando ele realmente fazia jus ao nome e ganhava as ruas do bairro de São José de madrugada, junto com o raiar do sol. Desta vez, Luiz Lapenda e cerca de 20 amigos foram de "Xoxa (uma galinha), o xodó do galo". Com roupas inspiradas nas carrancas do Rio São Francisco, eles brincavam ente si e com outros foliões, provocando muitas risadas. Carregando uma placa "O galo sou eu", ele dizia ser o rei do poleiro.
Marta Pessoa, outra amante do Galo, preferiu ir de Rose, a namorada do ex-presidente Lula. "Enquanto durou, enquanto eu pude ficar incógnita, foi ótimo", depunha na brincadeira. Trazia uma placa com a afirmação "Dame Rose indica; o cara é d'seu", numa alusão a José Dirceu.
O Galo foi animado por 30 trios elétricos e 100 artistas, entre eles Fafá de Belém e Carlinhos Brown, Elba Ramalho e Nena Queiroga. Mas a estrela foi o frevo: além de patrimônio imaterial e cultural da humanidade, o dia do Galo coincidiu com o dia do frevo, nove de fevereiro
O ritmo dominou os cinco quilômetros do percurso do bloco que foi fundado em 1978 por um grupo de amigos e famílias do bairro de São José para fazer renascer o carnaval de rua tradicional e espontâneo que se encontrava em decadência na época. A agremiação e sua proposta caíram no gosto dos foliões e só fez crescer desde então. Dele surgiu, em 1985, o bloco lírico Bloco das Ilusões, que foi criado pelas mulheres dos diretores da agremiação.
Fonte: Folha PE
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