Procurando minimizar o clima beligerante instaurado com o Planalto, o governador Eduardo Campos (PSB) se disse nesta quarta-feira (27) “confortado” com declarações dadas pelo ex-presidente Lula, que garantiu que a relação de amizade entre os dois será mantida. Quem ouve o governador falando é levado a crer que ele já se comporta como candidato a presidente. Para Campos, Lula, com as declarações, demonstrou capacidade de distinguir as questões políticas e pessoais.
“A fala do presidente Lula nos deixa confortado e, de certa forma, nos emociona, a mim, a minha família e aos meus amigos, pela forma larga como ele coloca as questões e como sabe distinguir o que é o processo político e o que devem ser as relações pessoais nessa
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, em São Paulo, Lula afirmou que "não mistura sua relação de amizade com as divergências políticas". "Acho muito cedo pra falar da candidatura Eduardo. Ele é um jovem de 40 e poucos anos. Termina seu mandato no governo de Pernambuco muito bem avaliado. Me parece que não tem vontade de ser senador da República nem deputado. O que é que ele vai ser? Possivelmente esteja pensando em ser candidato para ocupar espaço na política brasileira, tão necessitada de novas lideranças”, disse.
Se o governador destacou a fala do ex-presidente, no mundo socialista a versão que circula não é tão afetuosa. Campos tem dito a auxiliares próximos que não deve lealdade a Lula. Uma demonstração pública desse entendimento veio na segunda (25), data da visita da presidente Dilma Rousseff (PT) a Serra Talhada. Terminado o evento, o governador escalou dois de seus mais frequentes porta vozes - o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa, e o líder do governo, Waldemar Borges - para afirmar que os R$ 3,1 bilhões anunciados por Dilma só haviam sido liberados graças à capacidade de planejamento do Estado.
O governo federal vem testando a estratégia de constranger o governador usando a figura de Lula. E foi nesse contexto que a presidente Dilma citou 11 vezes o nome do antecessor durante o evento em Serra Talhada. O próximo encontro entre os dois presidenciáveis deve ocorrer na terça (2), quando Dilma reunirá todos os governadores do Nordeste para debater a seca, em Fortaleza. Na ocasião, Eduardo defenderá a desburocratização dos auxílios e financiamentos e a anistia da dívida dos trabalhadores da agricultura familiar.
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