segunda-feira, 29 de abril de 2013

Degeneração macular é uma das principais causas de cegueira na terceira idade


Deixar de ver o rosto das pessoas, passar a ter dificuldades para se locomover ou executar tarefas simples, sentindo que a vida, aos poucos, parece estar perdendo o seu brilho. O cenário dramático lamentavelmente faz parte do cotidiano de milhões de pessoas em todo o mundo, que sofrem com a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), uma doença ainda desconhecida pela maioria, apesar de ser uma das maiores causas da perda da visão.
Conforme projeção da Organização Mundial da Saúde, a DMRI é a primeira causa de cegueira em pacientes com mais de 50 anos em países industrializados e chega a afetar entre 25 e 30 milhões de pessoas. No Brasil, estima-se que de 10% a 15% da população idosa tenha doenças relacionadas à mácula, sendo a terceira principal, atrás apenas da catarata e do glaucoma.
“Infelizmente é um mal que não causa dor e isto dificulta sua identificação no primeiro momento. Sua progressão varia, avançando lenta ou rapidamente, em um olho ou em ambos. Quando a DMRI se desenvolve acontece uma deterioração e o cérebro tenta compensar a perda de visão, fazendo com que os seus sintomas não sejam notados facilmente”, explica o Dr. Walter Takahashi, presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo.
Os sintomas têm início com a percepção de pontos turvos e escuros na visão central ou manchas na pupila do olho. As linhas passam a ser vistas com tortuosidade e os detalhes ficam sem nitidez. O idoso começa a ter dificuldades para distinguir cores, sente dificuldade no ajuste focal à luz e um impacto negativo na percepção da profundidade.
Para o oftalmologista Marcos Ávila, departamental do Centro Brasileiro de Cirurgia de Olhos (CBCO), a perda da autonomia pode levar o paciente a um preocupante quadro de depressão. “O distúrbio é muito grande, pois a pessoa acaba se julgando impedida de assistir televisão, ler um livro, dirigir ou mesmo interagir socialmente. Existem também os riscos de queda e acidentes. É inegável que a qualidade de vida é diretamente atingida”, ressalta.
A degeneração pode se apresentar de duas formas, seca ou úmida, sendo a primeira a mais comum, representando até 90% de todos os casos. Sua progressão é mais lenta e apenas 10% dos pacientes ficam cegos. A forma úmida é o tipo mais grave de DMRI, marcada pelo desenvolvimento de vasos sanguíneos irregulares sob a retina. “É uma doença relativamente recente, sendo uma realidade das últimas décadas. A razão é bem simples, a população está vivendo mais”, pontua Ávila.

Incidência e Prevenção
Como o próprio nome sugere, a doença está relacionada ao envelhecimento, porém, além disso, o estilo de vida ou doenças em outros órgãos podem influir diretamente na sua incidência. Os problemas cardiovasculares, obesidade, ingestão de bebidas alcoólicas e alimentação pobre em frutas e vegetais, fazem parte do grupo de vilões. Os fumantes tem probabilidade duas vezes maior de desenvolverem a DMRI, já que as toxinas presentes no tabaco aumentam o estresse oxidativo da retina. Proteger os olhos da radiação solar também se faz importante, mas, o ponto principal é a visita regular ao oftalmologista, pelo menos uma vez ao ano, especialmente após os 45 anos de idade
Diferentemente da córnea, que pode ser trocada por transplante, e do cristalino, substituído por uma lente nas cirurgias de catarata, a retina, uma vez danificada, não pode ser recuperada. É nesta área onde ficam localizados os fotossensores que captam a luz. Diante desta realidade, apesar dos tratamentos disponíveis para impedir a progressão da lesão, o melhor caminho é prevenir seu aparecimento.
“Precisamos conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce, já que quanto mais cedo a doença for confirmada, mais chances o paciente tem de prevenir a cegueira” diz Takahashi. Para o médico, existe uma cultura negativa no País, que implica em só tratar um olho, quando o outro já está acometido de alguma enfermidade.
Como detectar a doença
Além do exame clínico feito por um especialista em retina – que consiste basicamente em medida de visão e exame de fundo de olho – existem alguns testes simples que ajudam a detectar a DMRI, a exemplo da chamada Tela de Amsler. A tabela é formada por linhas horizontais e verticais com um ponto central preto. O teste pode ser realizado semanalmente e permite avaliar as distorções visuais.Avalie agora mesmo

Conhecidos como anti-VEGF, sigla do inglês que representa Fator de Crescimento Vascular Endotelial, os medicamentos utilizados no tratamento da DMRI tentam impedir a ligação da proteína aumentada na doença. Através de um receptor específico, o fármaco é aplicado por meio de injeção intravítrea – diretamente nos olhos – coibindo a continuidade do crescimento dos novos vasos sanguíneos e gerando a redução de fluído e sangramentos. O mal ainda não tem cura, mas seu controle pode representar considerável progresso.





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