Brasília - Um dia após a presidente Dilma Rousseff ser alvo de críticas
de congressistas e juristas por propor plebiscito que autorizaria a
convocação de Assembleia Constituinte específica para fazer a reforma
política, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que a
presidente falou "em processo constituinte específico", sem defender uma
tese.
Há várias maneiras de se fazer um processo constituinte específico,
uma delas seria uma Assembleia Constituinte específica, como muitos
defendem. A outra forma seria por meio de um plebiscito colocar questões
que balizassem o processo constituinte específico feito pelo Congresso
Nacional. Há várias teses. A presidenta falou genericamente disso",
afirmou Cardozo, depois de participar de audiência no Palácio do
Planalto com Dilma, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
Marcus Vinicius Furtado Coêlho, e o vice-presidente da República,
Michel Temer.
"Se você vai
discutir questões que estão colocadas na Constituição, precisa de um
processo constituinte específico, seja comandado por uma Assembleia
Constituinte específica em que haveria delegação para que fosse feita
assim ou um processo em que, balizado pelo plebiscito, essa modificação
seria votada e decidida pelo Congresso. A presidenta não fechou as
portas para nenhuma das teses que podem permear esse processo
constituinte específico", prosseguiu Cardozo.
Uma
iniciativa lançada pela OAB e outras dezenas de instituições da
sociedade propõe uma ampla reforma política que acabaria com o
financiamento das campanhas por empresas. A proposta também estabelece
um sistema de dois turnos para a eleição proporcional - no primeiro
turno, os eleitores votariam em partidos; no segundo, em candidatos.
"Essa
proposta que hoje a OAB traz ela não fala em mudança da Constituição,
(ela) permite que seja feita por uma mera mudança na legislação",
comentou Cardozo. "Isso pode ser visto como uma vantagem dessa proposta,
pela agilidade, pela situação que obviamente ela vai propiciar. Agora,
essa é uma questão que não se encerra. Outros terão de ser ouvidos, a
decisão final é do Congresso Nacional, compete ao Congresso Nacional
tomar uma definição a respeito."
O
ministro reiterou que "não dá hoje para fazer uma reforma política sem a
participação da sociedade, sem que brasileiros e brasileiras sejam
ouvidos". "Não estamos fechando a questão para o caminho que o governo
acha que deve sugerir ao Congresso, há várias teses, movimentos estão
sendo ouvidos, pessoas estão sendo ouvidas, líderes políticos estão
sendo ouvidos. O que posso afirmar é que o governo vê como muito
interessante essa proposta da OAB, porque ela prescindiria de uma
mudança constitucional", afirmou.
Questionado
sobre uma convocação extraordinária do Congresso para ganhar tempo na
apreciação do assunto, Cardozo respondeu: "O governo colocou esta
proposta, mas ela implica diálogos, diálogo com o Congresso, afinal é o
Congresso quem decide. É o Congresso quem pode convocar plebiscito, é o
Congresso que aprova leis, que aprova emendas constitucionais. Este
diálogo já está sendo feito e continuará sendo feito com o Congresso
como um todo".
Após encontro com Dilma nesta
terça, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus
Vinicius Coêlho, afirmou que a presidente sinalizou que seria inadequado
convocar uma Constituinte exclusiva. "Sobre a Constituinte, levamos à
presidente da República o risco institucional, o perigo para as nossas
instituições de uma Constituinte ser convocada. Buscamos demonstrar que é
possível, necessário, urgente, mais rápido e efetivo fazer uma reforma
política alterando a Lei das Eleições e a Lei dos Partidos Políticos,
sem alterar a Constituição Federal", disse
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