segunda-feira, 10 de junho de 2013

Internet é a maior aliada na luta pela liberdade de expressão

Utilizada para o compartilhamento de dados, divulgação de violações e organização política, a internet é considerada pela Anistia Internacional como um direito humano “por tudo que ela representa de direito à cultura da informação, herança cultural, como o direito de ter acesso ao livro e à educação”, segundo o assessor de Direitos Humanos da Anistia no Brasil e cientista político, Maurício Santoro.

Para ele, a liberdade de expressão tem papel de destaque nesse cenário virtual. “Pela rede social, por exemplo, é possível se manifestar publicamente sobre qualquer tema. No caso da Primavera Árabe, esse papel social foi muito importante. A organização política de protestos e a disseminação de mensagens de direitos humanos foram feitas por esse meio de comunicação”, explica o especialista, citando o relatório da Anistia Internacional divulgado recentemente. E o ambiente web por si só não basta, segundo ele. “A internet tem papel de disseminar outras formas de defesa dos direitos humanos, como petições online e mensagens SMS, por exemplo. É preciso ocupar esse espaço”, detalha.A Anistia Internacional desenvolveu uma campanha a favor da liberdade de expressão chamada “Tweet Censurado” (www.tweetcensurado.com.br). É uma plataforma onde é possível criar mensagens para o Twitter – com até 140 caracteres – cobertas por tarjas pretas, como se fossem censuradas. “Em 48 horas a ação chegou a 115 países. Isso mostra como a velocidade com a qual esse tipo de mensagem se espalha é muitíssimo veloz e extremamente importante aos ativistas, em especial em países que não dão acesso à mídia independente”, comenta o cientista político.
Ao passo que a tecnologia avança e a internet fomenta novas formas de comunicação e de engajamento, os cidadãos se empoderam – de uma pequena parte – de seus direitos, engrenando na maior luta internacional da atualidade, que é a construção de uma sociedade internacional mais justa e respeitosa. Um mundo onde defensores não têm idade e podem ser encontrados até na figura de uma menina de 14 anos, como a menina paquistanesa Malala Yousafzai.
Mundialmente conhecida pelo seu ativismo em favor dos direitos humanos, especialmente os direitos das mulheres, a jovem defensora sofreu um atentado em 9 de outubro de 2012 e foi baleada no crânio. Felizmente, Malala recuperou-se e permanece na militância, mas convive com a possibilidade de um ataque iminente.
“Existem violações que são contra a integridade física, como tortura e morte. Outros tipos de violações pegam o aspecto sócio econômico e o ambiente político, porém ambas são graves. Com frequência essas violações estão interligadas. A perseguição política também é outra violação que tem grande impacto nas pessoas, porque afeta na sua forma de viver a própria vida”, enfatiza.
"O grande desafio que aparece globalmente é sobre como lidar com as mudanças do mundo, sejam elas econômicas ou situação bruscas de transformação política, como a que está ocorrendo nos países árabes”, avalia Santoro.

Há, atualmente, uma maior integração política e defensores cada vez mais atuantes na luta pelos direitos humanos. A união por um "bem maior" parece arrebatar um número crescente de pessoas. “As grandes manifestações na praça Tahir, no Cairo, Egito, influenciaram o Ocupe Wall Street, nos EUA. O que acontece é que os sonhos estão mais conjuntos”, observa.
Acontece que, ao ver aquelas manifestações na praça árabe, nos remetemos à nossa história recente, na época da luta pela democracia e das Diretas Já, diz ele. “Nos identificamos com aquelas histórias, as mudanças, as perdas e os ganhos”.
Enquanto isso o mundo caminha na direção de um novo padrão internacional mais respeitoso e mais integrado, onde as informações e as mercadorias circulam mais rápido.

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