A novela incentivou outras empresas a aderir ao formato, como a TV Globo, cujo folhetim diário de estreia foi Ilusões perdidas (1965), e a própria TV Tupi, emissora responsável pela transmissão - de 15 capítulos ao vivo exibidos em dias alternados - de Sua vida me pertence (1951), primeira telenovela brasileira. As produções iniciais transportaram para a TV modelos de trabalhar tramas usados no rádio anos antes - sempre com referência em histórias importadas de outros países. A invenção do videotape e a inclusão de temas nacionais abriram caminho para a consolidação do gênero como principal canal de entretenimento na telinha.
A novela O Bem Amado (1972 - TV Globo) marcou época por ser primeira exibida em cores. Anos antes, Beto Rockfeller também inovou, sobretudo pela recusa dos dramalhões estrangeiros. “O marco principal é a novela Beto Rockfeller (1969 - TV Tupi), que trouxe inovações incorporadas por todas as emissoras. Começou a trazer temas e problemas do cotidiano brasileiro. Adotou linguagem mais próxima daquelas que se utilizam nas ruas. As novelas mais antigas tinham uma impostação de voz, talvez, mais próxima do teatro”, lembra a pesquisadora Maria Cristina, do Centro de Estudos de Telenovela da Universidade de São Paulo (USP).
Era a receita do sucesso. Até hoje, as novelas transportam para a telinha o suspense do “quem matou?” (como não lembrar de A próxima vítima e Vale tudo?), histórias de amor mal resolvidas ou vingança. “Novela é folhetim. Sempre tratou dos mesmos assuntos, invariavelmente. É como se víssemos sempre a mesma novela, mas com uma roupagem diferente a cada título. Uma maneira diferente de se contar uma mesma história”, avalia o pesquisador de teledramaturgia e autor do livro Almanaque da Telenovela Brasileira, Nilson Xavier.
Para ele, bom elenco e boas produções e histórias levam ao sucesso. “Os bons ganchos, o momento clímax ao final de cada capítulo garantem a fidelização da audiência por meses a fio”, exemplifica. Foi assim com Roque Santeiro (1985) e Vale Tudo (1988) - reprisadas no canal Viva (TV paga) -, as favoritas do crítico.
“A telenovela sempre acompanhou as mudanças da sociedade. Vivemos atualmente um momento de transição, que é quando a telenovela se vê dividindo espaço com outras mídias, com a popularização da Internet e da TV a cabo. Nesse cenário, não dá para ficar preso ao passado. Prefiro que os sucessos do passado permaneçam lá. Ou voltem modernizados, em remakes ou adaptações, o que também é válido”, comenta. Hoje, a novela é realidade no Brasil e fora do país. Fenômeno de audiência, Avenida Brasil (Globo), por exemplo, já foi exibida em 106 países e dubladas em 14 línguas. Superou a novela Da cor do pecado, que até então liderava a lista.
Saiba mais
Curiosidades
- Exibida pela extinta Rede Manchete, a novela Pantanal (1990) foi a primeira trama a ultrapassar a Globo em audiência. Foi escrita por Benedito Ruy Barbosa e dirigida por Jayme Monjardim. Foi reprisada quatro vezes - uma delas, pelo SBT.
- A novela Redenção (1966) foi exibida na TV Excelsior e estrelada pelo ator Francisco Cuoco. É considerada a novela de maior duração do Brasil. Passou dois anos no ar ao longo de 596 capítulos.
- Na lista da novela mais curtas, Marina (1965) teve 15 capítulos; Helena (1975) e O noviço (1975), 20; e A moreninha (1965) e O fim do mundo (1996), 35.
- Roque Santeiro é uma das principais obras da teledramaturgia. A novela foi censurada pelo governo militar em 1975. Escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, foi ao ar em 1985. No elenco, Regina Duarte, Lima Duarte e José Wilker.
- Avenida Brasil, Da cor do pecado, Terra Nostra, O clone e Caminho das Índias - todas da TV Globo - ocupam o topo de novelas mais vendidas para o exterior.
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