quarta-feira, 31 de julho de 2013

Sinuelo deve voltar ao mar nesta quinta

Depois de cinco dias em alto-mar realizando a captura e o monitoramento de tubarões que habitam a costa do Litoral pernambucano, a embarcação Sinuelo atracou em terra firme, no início da tarde desta quarta-feira (31). Durante a expedição, três animais, sendo um da espécie lixa, considerada inofensiva, e dois da espécie Tigre, um tipo mais agressivo, foram pescados.
O tubarão lixa de 2,35 metros que foi encontrado em Boa Viagem regressou imediatamente ao mar, após os pesquisadores constataram que o animal possuía o anel com o chip de monitoramento. Os tigres, um medindo 1,10 metro e outro com 1,50 metro, encontrados nas imediações do Paiva, infelizmente, não sobreviveram aos ferimentos causados pelos anzóis e morreram. Com a pesca destes três tubarões, o número de animais capturados em nove anos de pesquisas chegou a 380.
O Sinuelo deverá iniciar uma nova expedição de cinco dias até esta sexta-feira (02), tudo vai depender das condições técnicas em que se encontra a embarcação, informou o presidente do Instituto Oceanário, Alexandre Carvalho. “O Intuito é já retornarmos as pesquisas nesta quinta-feira (1º), mas para que isso aconteça precisamos fazer uma revisão no barco e descobrir se há algum tipo de avaria ou problema técnico e, em seguida, realizar o conserto. Outro fator importante é o descanso da tripulação. O certo mesmo é que, no máximo até a sexta, já estejamos em uma nova expedição”, disse.
Ainda de acordo com Alexandre, o balanço da primeira expedição após sete meses parado foi extremamente positiva. “O resultado desse primeiro cruzeiro foi muito satisfatório, já que conseguimos capturar três tubarões, uma média alta para apenas cinco dias velejando. Agora é concluir os estudos acerca dos animais encontrados”, enfatizou.
Ele também lamentou a perda de dois animais da espécie tigre, uma das que mais aparecem nas estatísticas de ataques a banhistas no Litoral. “Lamentamos as mortes desses animais, mas está dentro da porcentagem esperada e, por isso, consideramos normal. Prova que os equipamentos utilizados para captura são de alta seletividade”, concluiu.
A embarcação, que não realizava expedições há mais de sete meses por falta de incentivos públicos, voltou a operar depois que a Secretaria de Defesa Social (SDS) liberou uma verba de aproximadamente R$ 2 milhões. O anúncio do investimento foi feito alguns dias depois que a turista paulista Bruna Gobbi, de 18 anos, morreu ao ser atacada por um tubarão na praia de Boa Viagem.
     Projeto Sinuelo
    O Projeto Sinuelo tem o intuito de capturar tubarões na costa do Litoral Pernambucano, em um trecho que vai do Pina, na Zona Sul do Recife, até o Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana. Depois de capturados, os animais são levados para a UFRPE, onde são medidos, pesados e passam por exames para constatar as condições de saúde. Após este procedimento, os animais recebem anéis de monitoramento e, enfim, regressam para o alto-mar - bem longe da costa pernambucana.
    Os estudos são realizados por técnicos do Instituto Oceanário, organização não-governamental, com sede na Universidade Federal Rural de Pernambuco, e tiveram início em 2004. As pesquisas já resultaram na captura de 380 tubarões, sendo 62 da espécie tigre e 14 da cabeça-chata – animais que, segundo estatísticas, estão envolvidos com ataques registrados nos últimos anos em Pernambuco. De acordo com o professor Fábio Azin, do Departamento de Pesca da UFRPE, o projeto consegue impedir 90% dos ataques nas praias do Litoral do Estado.
    MPPE 
    O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) está realizando diariamente audiências para debater os ataques de tubarão. Tudo porque, desde que a turista paulista Bruna Gobbi, de 18 anos, morreu ao ser atacada por um tubarão no mar de Boa Viagem, que o MP pediu a interdição de trechos das praias do Recife e Região Metropolitana que sejam apontados como áreas de riscos. O Governo não acatou a orientação, e o MPPE vai entrar com uma ação civil pública contra o Estado. O documento também incentiva uma campanha educativa e recomenda a colocação de redes protetoras para impedir a entrada de tubarões em locais de banhos e de esportes náuticos.

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