terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Aliados de Eduardo "queimam" Dilma em evento do governo federal

A expectativa em torno do 31º Encontro com Prefeitos e Prefeitas, em Pernambuco, ontem, promovido pelo Governo Federal, era de anúncios mais robustos. Na hora, porém, em que os convidados subiram no palco, os discursos já estavam na ponta da língua. Um clima beligerante tomou conta e, através de falas duras e inflamadas, formaram-se dois blocos de força de poder, um reflexo da corrida eleitoral que se avizinha, na qual o projeto presidencial do governador Eduardo Campos (PSB) está em rota de colisão com a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Num evento planejado para que o Planalto fosse protagonista, socialistas aliados do governador partiram para o ataque e acabaram por atrair os holofotes.
No fogo cruzado entre o bloco do PSB do governador Eduardo Campos e aliados do PT da presidente Dilma Rousseff, no encontro com prefeitos no Hotel Canarius, em Gravatá, quem disparou o primeiro petardo foi o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), o prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB). Em seu discurso, o socialista criticou duramente o governo federal, expondo o velho rosário de queixas por menos burocracia, mais recursos para enfrentamento à seca, mais contrapartidas para manutenção dos programas federais nos municípios etc, etc.
Enquanto ouvia os reclames de Patriota, a todo tempo fortemente aplaudido pelos prefeitos presentes, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, segurava um folheto, distribuído pela Amupe na porta do evento, que aludia para uma mobilização no dia 10 de dezembro em Brasília, num ataque claro à União. O prefeito – cassado em primeira instância – chamou de “tímidas” as iniciativas do Governo Federal para enfrentar a seca e, mais uma vez, reclamou que os municípios estão sofrendo para fechar as contas com a queda do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), em decorrência da política de desoneração fiscal. Por outro lado, não se fez de rogado na hora de enaltecer o Governo estadual, do aliado Eduardo Campos. Primeiro, falou da implantação do Fundo Estado de Desenvolvimento Municipal (FEM), que “salvou o ano”, segundo ele, e a redistribuição do ICMS para os pequenos municípios.
As palavras de Patriota serviram para abrir o caminho para o discurso do secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, que foi ao evento representando o governador. Em total sintonia, o emissário do Palácio se somou às vozes insatisfeitas dos prefeitos, arregimentados por Patriota. “Essa concentração de recursos (pela União) dá à União uma justa responsabilidade, o desafio de concorrer para que as políticas satisfaçam à população. Evidente que os municípios não querem fugir da sua responsabilidade”, disparou. “Deixa Estados e municípios de pires na mão, submetidos a uma lógica de concentração de recursos na mão da União”, continuou em referência ao que chamou de “crise do modelo federativo”, bandeira que o presidenciável pernambucano tem levantado.
Assumindo mais uma frente da classe municipalista, Tadeu, sem subterfúgios, rebateu as palavras do deputado federal Pedro Eugênio (PT), de que exigências são necessárias. “Nós não queremos afastar a burocracia, deputado Pedro Eugênio, pois ela traz o controle. Uma democracia sem controle padece de graves defeitos. Mas nem toda burocracia é inteligente e dialoga com a sociedade e um Estado moderno”, revidou.
Ironicamente sediado no mesmo hotel em que o governador socialista reuniu os prefeitos em fevereiro deste ano para anunciar o FEM, algo que soou para os gestores como um mimo redentor, o secretário da Casa Civil terminou seu discurso num claro recado ao Governo Federal e à presidenta Dilma. “Temos uma expectativa muito forte de que ao final desse encontro os prefeitos de Pernambuco saiam tão satisfeitos como vimos os prefeitos saírem satisfeitos do encontro que fizemos em fevereiro”, concluiu, sob forte aplauso. 

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