sexta-feira, 7 de março de 2014

Duas mil famílias sem casa em Rondônia

As comunidades ribeirinhas de Porto Velho continuam sofrendo os impactos da cheia histórica do Rio Madeira em Rondônia. Milhares de pessoas tiveram que sair de casa, expulsas pelas águas do rio. A Defesa Civil esteve em Calama e Demarcação, distritos localizados no Baixo Madeira, onde a enchente faz com que igarapés e lagos se misturem ao rio, o que torna impossível calcular o prejuízo ambiental causado. Casas estão debaixo d'água e animais ilhados. Ontem, a cota do rio atingiu 18,87 metros, já ultrapassando em mais de um metro o registro de 1997, de 17,52 metros, quando ocorreu a maior cheia do Madeira. Mais de 2 mil famílias já saíram de casa por causa da enchente.

Para abastecer Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Porto Velho (RO), o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar (PM) estão montando uma operação para escoltar 450 toneladas de gás de cozinha vindos de Manaus (AM) via Rio Purus. Com problemas na BR-364, também devidoà cheia do Rio Madeira no estado vizinho, a previsão é que a primeira carga chegue sábado, dependendo do nível das águas do Rio Acre.

De acordo com coronel Carlos Gundim, da Defesa Civil estadual, a carga chega pelo porto, localizado no bairro Cadeia Velha, em Rio Branco, e segue escoltada pela PM até a Fogás, empresa responsável por 70% do abastecimento da capital. Segundo o coronel, a operação terá duração de 48h ininterruptas. "Do início ao término da operação, esse deslocamento será escoltado por viatura para garantir a segurança da carga e do tráfego. Uma caminhonete acompanhará do Cadeia Velha à estrada do Amapá e vai seguir até a empresa de gás Fogás, independente de ser dia ou noite, vai ser por esse percurso", explica.

Gundim esclarece que o abastecimento da capital de Rondônia acontecerá devido à inundação do local onde eram embalados os botijões. "A empresa Fogás foi inundada pelo Rio Madeira e não está sendo mais embalado gás lá. O gás vai ser embalando em Rio Branco para depois mandar para Porto Velho", relata.

 Enquanto o governador Tião Viana está em Brasília procurando soluções para o abastecimento do Acre, o governador em exercício, César Messias, esclarece que todas as providências estão sendo tomadas. "O importante é dizer que o governo está atento, estamos nos antecipando a todos os fatos. O governador está fazendo todas as reuniões necessárias e trabalhando, inclusive, com o Ministério do Abastecimento para se houver  necessidade, importamos alimentos do Peru", reforça.

Cargueiros A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos no Acre (Correios) está trabalhando em regime de mutirão para conseguir entregar a demanda de correspondências que está acumulada, em Rio Branco, devido a cheia do Rio Madeira, que apresenta a cota de 18,83 metros ontem. Segundo o diretor regional dos Correios, Samuel Oliveira, a empresa recebeu dois cargueiros, um no sábado e outro na segunda, com um total de 42 toneladas de correspondências e encomendas que estavam retidas em Porto Velho (RO).

De acordo com Oliveira, quando a estrada está aberta a empresa recebe diariamente, de  6 a 8 toneladas. "Hoje, estamos recebendo 1,4 mil quilos que é a capacidade máxima da aeronave. Como o cargueiro não vem todo dia, essa demanda se acumula e está chegando tudo atrasado", explica.  "A nossa capacidade é de entregar 1,4 mil encomendas diárias e 50 mil objetos simples. Temos hoje, em torno de 5 mil encomendas para serem entregues e mais 200 mil correspondências para os carteiros distribuírem.

Oliveira explica que a empresa está entregando as correspondências com todo o efetivo da capital, aproximadamente 130 carteiros. "Nós estamos com todos os carteiros trabalhando em regime de mutirão, até a área administrativa está participando. Eles estão auxiliando na separação das correspondências e encomendas para ajudar os carteiros na hora da distribuição", explica. Ele fala que os funcionários trabalharam na segunda-feira e no sábado de Carnaval o dia todo, e ainda tem muita coisa por entregar. "Possivelmente, vamos ter que trabalhar novamente no sábado e no domingo para escoar essa carga que está represada", diz.

O gestor afirmou que a situação está difícil, pois todo o cronograma de entrega foi comprometido. "Nós tínhamos uma programação de entrega com a demanda dentro do prazo, mas com essa situação, acumulou bastante. Os prazos foram suspensos, não estamos garantindo a entrega, devido a essa irregularidade", admite.

Em relação ao interior do estado, o diretor dos Correios fala que a demanda para os municípios é bem menor. "No interior, além da demande ser menor, nós temos menos empregados. A maior quantidade de correspondências é em Cruzeiro do Sul. Lá, nós mandamos segunda-feira dois caminhões com um total de oito toneladas. Eles também estão trabalhando no limite e vamos ficar nessa situação até a estrada abrir, porque não tem como nem o interior e nem a capital, dar em conta dessa demanda reprimida", finaliza.

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