As comunidades ribeirinhas de Porto Velho continuam sofrendo os impactos da cheia histórica do Rio Madeira em Rondônia. Milhares de pessoas tiveram que sair de casa, expulsas pelas águas do rio. A Defesa Civil esteve em Calama e Demarcação, distritos localizados no Baixo Madeira, onde a enchente faz com que igarapés e lagos se misturem ao rio, o que torna impossível calcular o prejuízo ambiental causado. Casas estão debaixo d'água e animais ilhados. Ontem, a cota do rio atingiu 18,87 metros, já ultrapassando em mais de um metro o registro de 1997, de 17,52 metros, quando ocorreu a maior cheia do Madeira. Mais de 2 mil famílias já saíram de casa por causa da enchente.
Para abastecer Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Porto Velho (RO), o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar (PM) estão montando uma operação para escoltar 450 toneladas de gás de cozinha vindos de Manaus (AM) via Rio Purus. Com problemas na BR-364, também devidoà cheia do Rio Madeira no estado vizinho, a previsão é que a primeira carga chegue sábado, dependendo do nível das águas do Rio Acre.
De acordo com coronel Carlos Gundim, da Defesa Civil estadual, a carga chega pelo porto, localizado no bairro Cadeia Velha, em Rio Branco, e segue escoltada pela PM até a Fogás, empresa responsável por 70% do abastecimento da capital. Segundo o coronel, a operação terá duração de 48h ininterruptas. "Do início ao término da operação, esse deslocamento será escoltado por viatura para garantir a segurança da carga e do tráfego. Uma caminhonete acompanhará do Cadeia Velha à estrada do Amapá e vai seguir até a empresa de gás Fogás, independente de ser dia ou noite, vai ser por esse percurso", explica.
Gundim esclarece que o abastecimento da capital de Rondônia acontecerá devido à inundação do local onde eram embalados os botijões. "A empresa Fogás foi inundada pelo Rio Madeira e não está sendo mais embalado gás lá. O gás vai ser embalando em Rio Branco para depois mandar para Porto Velho", relata.
Enquanto o governador Tião Viana está em Brasília procurando soluções para o abastecimento do Acre, o governador em exercício, César Messias, esclarece que todas as providências estão sendo tomadas. "O importante é dizer que o governo está atento, estamos nos antecipando a todos os fatos. O governador está fazendo todas as reuniões necessárias e trabalhando, inclusive, com o Ministério do Abastecimento para se houver necessidade, importamos alimentos do Peru", reforça.
Cargueiros A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos no Acre (Correios) está trabalhando em regime de mutirão para conseguir entregar a demanda de correspondências que está acumulada, em Rio Branco, devido a cheia do Rio Madeira, que apresenta a cota de 18,83 metros ontem. Segundo o diretor regional dos Correios, Samuel Oliveira, a empresa recebeu dois cargueiros, um no sábado e outro na segunda, com um total de 42 toneladas de correspondências e encomendas que estavam retidas em Porto Velho (RO).
De acordo com Oliveira, quando a estrada está aberta a empresa recebe diariamente, de 6 a 8 toneladas. "Hoje, estamos recebendo 1,4 mil quilos que é a capacidade máxima da aeronave. Como o cargueiro não vem todo dia, essa demanda se acumula e está chegando tudo atrasado", explica. "A nossa capacidade é de entregar 1,4 mil encomendas diárias e 50 mil objetos simples. Temos hoje, em torno de 5 mil encomendas para serem entregues e mais 200 mil correspondências para os carteiros distribuírem.
Oliveira explica que a empresa está entregando as correspondências com todo o efetivo da capital, aproximadamente 130 carteiros. "Nós estamos com todos os carteiros trabalhando em regime de mutirão, até a área administrativa está participando. Eles estão auxiliando na separação das correspondências e encomendas para ajudar os carteiros na hora da distribuição", explica. Ele fala que os funcionários trabalharam na segunda-feira e no sábado de Carnaval o dia todo, e ainda tem muita coisa por entregar. "Possivelmente, vamos ter que trabalhar novamente no sábado e no domingo para escoar essa carga que está represada", diz.
O gestor afirmou que a situação está difícil, pois todo o cronograma de entrega foi comprometido. "Nós tínhamos uma programação de entrega com a demanda dentro do prazo, mas com essa situação, acumulou bastante. Os prazos foram suspensos, não estamos garantindo a entrega, devido a essa irregularidade", admite.
Em relação ao interior do estado, o diretor dos Correios fala que a demanda para os municípios é bem menor. "No interior, além da demande ser menor, nós temos menos empregados. A maior quantidade de correspondências é em Cruzeiro do Sul. Lá, nós mandamos segunda-feira dois caminhões com um total de oito toneladas. Eles também estão trabalhando no limite e vamos ficar nessa situação até a estrada abrir, porque não tem como nem o interior e nem a capital, dar em conta dessa demanda reprimida", finaliza.
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