quarta-feira, 28 de maio de 2014

Após 45 anos de sua morte, chega ao fim caso Padre Henrique

A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC) apresentou ontem seu relatório oficial sobre o assassinato do padre Antonio Henrique Pereira da Silva Neto, no mesmo dia em que se completaram 45 anos de sua morte. 
De acordo com o secretário-executivo da Comissão e relator do processo, Henrique Neves Mariano, os coautores do crime foram dois investigadores da Polícia Civil, Rivel Rocha e Humberto Serrano de Souza, o estudante universitário Rogério Matos do Nascimento, o promotor público José Bartolomeu Lemos Gibson (que na época era Diretor de Investigação da Secretaria de Segurança Pública) e seu parente, então menor de idade, Jerônimo Duarte Rodrigues Neto, também conhecido como Jerônimo Gibson. 
“O crime foi obra de jovens radicais de direita juntamente com a polícia. Padre Henrique foi estrangulado e depois, alvejado na cabeça”, relembrou Mariano. Ele destacou, a campanha difamatória movida na época contra o padre: inicialmente, tentaram provar que sua morte foi um delito comum, praticado por usuários de drogas, e depois promoveram boatos racistas e homofóbicos.
“Hoje, podemos dizer que a verdade está plenamente esclarecida. Agora, queremos justiça”, acrescentou, frisando ainda há criminosos vivos (Rogério e Jerônimo), que poderão ser responsabilizados por seus atos. “O Supremo Tribunal Federal (STF) entende que a Lei da Anistia ‘perdoou’ a todos, inclusive os agentes do Estado, mas ainda existe um recurso em julgamento para responsabilizar penalmente os agentes ainda vivos que cometeram crimes lesivos à humanidade, e há os tribunais internacionais”, disse. 
Participaram da cerimônia o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, o prefeito Geraldo Julio, o presidente da CEMVDHC, Fernando Coelho, e o membro da Comissão Nacional da Verdade, José Paulo Cavalcanti Filho, entre diversas autoridades que lotaram a Igreja dos Manguinhos, nas Graças.
A irmã de padre Henrique, Izaíras Padovan, disse que pretende levar o caso ao Tribunal de Haia, se necessário. 
Dom Fernando Saburido relembrou a memória de padre Henrique, seu contemporâneo na Igreja, e lamentou sua ausência: “ele teria agora 74 anos e certamente continuaria levando uma vida produtiva e compromissada”, afirmou. 

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