quarta-feira, 14 de maio de 2014

Liêdo Maranhão


Liêdo Maranhão de Souza nasceu no bairro de São José, na cidade do Recife, no dia 3 de julho de 1925.
        
         Fez os ensinos fundamental e médio em colégios recifenses, formando-se em Odontologia, pela Faculdade de Medicina, Odontologia e Farmácia do Recife, no final da década de 1940.
        
         Em novembro de 1949, fundou com alguns amigos e seu irmão Joviniano a Escola de Samba Estudantes de São José, uma das mais tradicionais do carnaval pernambucano.
        
         No início dos anos de 1960, viajou para Paris onde estagiou como dentista no Hospital de La Pitié, sob a orientação do professor Michel Dechaume. Depois, como bolsista do Instituto de Cultura Hispânica, fez estágio no Hospital Provincial de Madrid.
        
         Permaneceu na Europa por três anos, visitando onze países. Viajou de carona, lavou pratos em hotéis, descarregou caminhões, tocou pandeiro na Orquestra del Guadalupe e fez algumas apresentações em teatros de Madrid.
        
        Casou-se com a espanhola Bernarda Ruiz e regressou ao Brasil, fixando residência em Olinda.
Em 1964, começou a fazer esculturas de madeira e foi premiado no Salão de Arte do Estado de Pernambuco. Participou também do Atelier + 10, situado na Rua do Amparo, em Olinda, ao lado de artistas plásticos como João Câmara, Anchises Azevedo. Wellington Virgolino, Vicente do Rego Monteiro, Montez Magno, Delano e Maria Carmem.
        
Ingressou no Partido Comunista Brasileiro, militando até depois do golpe militar de 1964. Chegou a ser Secretário de Finanças do Diretório Municipal e teve ligações com Movimento de Cultura Popular do Recife, no primeiro governo de Miguel Arraes.
        
A partir de 1967, começou a viajar pelo interior em busca de folhetos de cordel para uma pesquisa sobre o cangaço, apaixonando-se pela literatura popular.  Produziu com os amigos João José (TV Universitária) e o cineasta Fernando Spencer um documentário em 16mm, onde registrou a trajetória dos folhetos na década de 1970, intitulado O Folheto. Segundo Ariano Suassuna, Liêdo Maranhão é, hoje, um dos maiores conhecedores da Literatura de Cordel no Brasil.
        
          Durante as décadas de 1960 e 1970, Liêdo visitava o Mercado de São José diariamente, convivendo com os mais diversos tipos populares que freqüentavam o local e a Praça Dom Vital, conhecida como a Praça do Mercado:camelôs, principalmente os de remédios, come-vidro, engole-cobra, cantadores, prostitutas. O seu livro O mercado, sua praça e a cultura popular do Nordeste, publicado pela Prefeitura do Recife, em 1977, é um documentário do cotidiano da área, ilustrado com 112 fotografias feitas pelo autor.
 
Foi colaborador da Revista Equipe, dos servidores da Sudene e do Jornal Universitário, da Universidade Federal de Pernambuco, escrevendo sobre poesia popular.

Em 1977, ganhou o primeiro prêmio de escultura no XXX Salão Oficial de Arte do Museu do Estado de Pernambuco.

Escritor, escultor, cineasta e fotógrafo, Liêdo é um dos maiores colecionadores da cultura popular do Nordeste brasileiro. Vem colecionando documentos, depoimentos de populares nas ruas do Recife, garimpando publicações antigas nos sebos da cidade, principalmente, sobre medicina popular e culinária, que datam no final do século XIX e início do XX e objetos artísticos há mais de trinta anos. A sua casa é uma mistura de galeria de arte, museu e biblioteca, espaço hoje denominado de Casa da Memória Popular. Esculturas de ferro retiradas de construções demolidas do Recife; obras assinadas por artistas como João Câmara, Bajado, José Cláudio; esculturas em pedra e madeira feitas por artistas populares e anônimos; coleções de livros raros e preciosos; folhetos de cordel; xilogravuras; flâmulas e panfletos de campanhas políticas; cartões postais, entre outros documentos da cultura popular nordestina. O acervo é estimado em cerca de dez mil unidades.

Reconhecido internacionalmente como um pesquisador competente, Liêdo Maranhão É a maior autoridade das ruas do Recife, segundo Raymond Catel, diretor do Centro de Pesquisa Luso-Brasileira da Universidade de Sorbonne, em Paris. Seu livro sobre o Mercado de São José, afirma Mark J. Curran, chefe do Departamento de Línguas Estrangeiras da Universidade do Arizona (EUA) é um monumento sobre a cultura popular do Nordeste.
            
É autor das seguintes obras:

  • Classificação popular da Literatura de cordel (Petrópolis: Vozes, 1976)
  • O mercado, sua praça e a cultura popular do Nordeste: homenagem ao centenário do Mercado de São José 1875-1975. (Recife: Prefeitura, 1977)
  • O povo, o sexo e a miséria ou o homem é sacana (Recife: Guararapes, 1980)
  • O folheto popular: sua capa e seus ilustradores (Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1981)
  • Conselhos, comidas e remédios para levantar as forças do homem(Recife: Bagaço, [1982]).
  • Cozinha de pobre (Recife: Bagaço, 1992).
  • Que só (Recife: [s.n.], 1993)
  • Marketing dos camelôs do Recife (Recife: Bagaço, 1996)
  • A fala do povão: o Recife cagado-e-cuspido (Olinda, PE: Edição do autor, 2004)
  • Marketing dos camelôs de remédio ou o mundo da camelotagem (Olinda: Edição do autor, 2004).
  • Rolando papo de sexo: memórias de um sacanólogo (Olinda, PE: Livro Rápido, 2005)

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