Marina tira duas vezes mais de Aécio do que de Dilma
Marina Silva (PSB) parou de tirar eleitores de Dilma Rousseff (PT), mas
continua a sangrar a candidatura de Aécio Neves (PSDB). Nos três últimos
levantamentos - MDA, Ibope e Datafolha - a presidente manteve-se estável, com
34% das intenções de voto. Ao mesmo tempo, Marina foi de 28% a 34%.
Ela cresceu às custas, principalmente, do tucano. Antes da morte de Eduardo
Campos, Aécio tinha 23%. Agora tem 15%. Perdeu oito pontos diretamente para a
candidata do PSB. Além deles, Marina capturou quatro pontos de Dilma, que tinha
38% antes de o jatinho Cessna Citation cair em Santos. O outro ponto veio do
Pastor Everaldo (PSC), totalizando 14 pontos a mais para Marina em um intervalo
de menos de duas semanas.
Em resumo, Marina fez um buraco duas vezes maior na candidatura de Aécio do
que na de Dilma, por enquanto. Mas o estrago é maior do que os pontos perdidos
pelo tucano. Ela ameaça inviabilizar a candidatura do PSDB ao mostrar-se uma
rival muito mais forte para enfrentar a petista no segundo turno. Aécio está em
processo de cristianização.
Nada a ver com referências religiosas, apenas uma reedição do que aconteceu
com a candidatura de Cristiano Machado em 1950. O então candidato a presidente
do PSD foi abandonado por seu partido no meio da disputa, que passou a apoiar
Getúlio Vargas (PTB). Acrescente-se um "B" e a história não é muito diferente.
Aécio não perdeu o apoio formal de seu partido, mas está vendo mais de um terço
de seu eleitorado virar casaca.
Dilma parece ter batido no seu piso eleitoral: o terço de eleitores formado
por uma mistura de petistas históricos e beneficiários de programas federais,
principalmente o Bolsa Família. É um núcleo mais duro e difícil de Marina
corroer. O problema da presidente é que seu teto está cada vez mais baixo
também. Ela pode não perder, mas tem dificuldades para ganhar.
A próxima pesquisa Ibope, que entra em campo neste fim-de-semana, será o
tira-teima. Confirmará se Dilma parou de cair e se Marina parou de subir ou se
continuará a sangrar Aécio. Se os movimentos de transferência de votos
continuarem, a campanha entrará em um novo estágio, com novos cálculos e
especulações. A possibilidade de eleição de um turno só voltará à baila, por
mais irreal que isso possa parecer
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