“Mas essa criança ainda mama?” Provavelmente, muitas lactantes já devem ter sido questionadas desta forma. Um dos motivos é que boa parte do que se fala sobre amamentação refere-se somente ao tempo no qual o leite materno deve ser fonte exclusiva de alimentação para o bebê. Mas vale destacar que, passado este período, a mãe - se assim estiver disposta - pode continuar a dar de mamar à criança, sem qualquer prejuízo à saúde de ambos e com muitos ganhos nesta relação.
Hadassa tem quase um ano e mama - religiosamente - todas as noites, quando sua mãe, a secretária executiva Nicole Honório, volta do trabalho. Mas não é somente neste momento em que a pequena se alimenta do leite da mãe. “Quando ia voltar a trabalhar, minha filha tinha três meses e eu não tinha muitas informações sobre o aleitamento. Então me informei com parteiras, e elas me disseram para juntar vidrinhos de café solúvel. Também mantive contato com o banco de leite do IMIP e me deram orientações”, explicou Nicole que até hoje pratica a ordenha (nome dado à retirada do leite) manual.
O líquido é guardado no frigobar do escritório da empresa e levado para casa no fim do expediente. Lá, se transforma em papinhas e sucos que são servidos à sua filha. “Geralmente ela toma esse leite à tarde ou no jantar, batido com alguma fruta”, conta. Embora, no início, Nicole Honório tenha pensado em deixar o emprego para alimentar sua filha, percebeu que com algum cuidado e muita dedicação as duas atividades poderiam coexistir. “O melhor leite é o meu. Ele transmite saúde e eu sei que estou provendo saúde alimentar a ela”, afirma, convicta.
O leite ordenhado deve ser guardado em recipientes adequados, de vidro, com boca larga e esterilizados. É o que explica a obstetra Melania Amorim. “O leite pode ser estocado na geladeira por 24 horas ou no congelador por 15 dias. No trabalho, o mais prático é deixar na geladeira e levar para casa em isopor para a estocagem definitiva”, esclarece. Sobre o tempo que se deve amamentar, a médica explica que, de acordo com a Organização Munidal de Saúde (OMS), Ministério da Saúde do Brasil e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, as crianças devem ser amamentadas, no mínimo, até os dois anos de idade. “Exclusivamente, isto é, somente o leite materno sem qualquer suplemento, sem água, chás, sucos, até os seis meses de vida”, detalha a médica que reflete, ainda, que “amamentar é muito mais do que dar leite materno - o melhor alimento para o bebê. É uma demonstração de afeto, de amor, de troca mútua, o que reforça o vínculo mãe-bebê”.
Na casa da agente de Correios Magna Costa, mãe de Matheus, de 6 anos, Talita, de 2 anos e Bruna, de 7 meses, amamentar é assunto sério. Talita mamou exclusivamente até os seis meses e depois continuou tendo no leite da mãe um complemento à sua nutrição. Em seguida, Magna engravidou novamente e nem por isso interrompeu a amamentação. “Quando eu me descobri grávida, conversei com a pediatra que me orientou a continuar dando o peito a Talita. Na época, o meu leite diminuiu e ela mamava menos. Hoje as duas querem”, conta. A pediatra das meninas, Geisy Lima, apoia a escolha da mãe. “ Alguns médicos acham que tem que interromper, porque pode levar à contração, mas isso não é verdade”, afirma.
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