Um desses lançamentos é “Na cobertura de Rubem Braga”, de José Castello. “Maria Amélia Mello, editora da José Olympio, conversava comigo a respeito da cobertura em que Braga viveu, em Ipanema. Dizia que é um lugar lindo, que daria um livro. Ela já tinha até um título: ‘Na cobertura de Rubem Braga’. E me perguntou se eu queria escrevê-lo. Achei a ideia sensacional e aceitei na hora”, explica Castello. “Braga já tinha morrido quando visitei a cobertura. Fiz entrevistas com amigos, mas a parte mais importante tirei da leitura das suas crônicas. De certo modo, esse livro é uma crônica sobre o cronista e suas crônicas”, comenta.
Outro lançamento interessante é “Retratos parisienses: 31 crônicas (1949-1952)”, obra que traz textos de Braga, organizados por Augusto Massi. “Tenho esperanças que o leitor descubra um novo Rubem Braga sem ter que abrir mão de reencontrar o velho cronista”, diz Augusto. “‘Retratos parisienses’ possui um recorte bastante preciso: reúne 31 crônicas ou entrevistas. Trata-se do jovem Rubem Braga, aos 37 anos e novamente solteiro, depois de ter vivido a experiência de cobrir a Segunda Guerra Mundial, em 1944, chegando a Paris para retratar a cena cultural europeia do pós-guerra”, aponta Massi.
Para Castello, o reconhecimento à obra de Rubem Braga é restrito devido ao gênero que ele ocupa, as crônicas. “Persiste um (injusto) preconceito contra a crônica. Tanto os jornalistas (por a acharem fantasiosa demais), quanto os escritores (por a acharem excessivamente comprometida com as circunstâncias) a observam com desconfiança. E por isso é comum dizer que a crônica é um ‘gênero menor’, o que é um absurdo. A crônica é um gênero absolutamente singular, com identidade própria. E o Braga foi o seu grande mestre”, opina o escritor.
“Crônica, aliás, é um gênero literário tipicamente brasileiro”, ressalta Castello. “Um gênero que tem um pé na realidade (jornalismo), outro na imaginação (literatura). Um gênero de fronteira. O cronista, de certo modo, se comporta como um repórter: ele observa a realidade e a narra. Mas enquanto o repórter tem uma postura ativa - entrevista, pesquisa, lê documentos, interroga - o cronista fica a um canto, como contemplador do real“, conceitua.
Independente dessa suposta hierarquia entre crônica, poesia e romance, Rubem Braga parece ter conquistado um lugar de honra dentro das possibilidades criativas da produção textual. “A linha evolutiva da crônica brasileira vai de Machado de Assis a Rubem Braga”, opina Augusto Massi. “Ele representa o fim de um ciclo histórico. Penso que toda a nossa experiência coletiva, marcada principalmente pela passagem do campo para a cidade, está entranhada na sua prosa. Ele representa o amadurecimento e a consolidação das conquistas modernistas”, sugere.
Sobre a vida – e principalmente as circunstâncias que cercaram a a morte de Rubem Braga – vale a pena ler este excelente texto do mauro santayana, do Jornal do Brasil:
ResponderExcluirhttp://www.maurosantayana.com/2013/01/rubem-e-o-poder.html