Um dos alvos da onda de protestos pelo País, o Congresso prepara uma
"agenda positiva" para tentar melhorar sua imagem. Dirigentes da Câmara e
do Senado querem chamar para os parlamentares a responsabilidade de
elaborar um Código de Mobilidade Urbana o mais rápido possível.
Líderes partidários nas duas Casas foram convocados a elaborar uma nova
pauta a ser votada em breve. Todas as sugestões já pensadas dizem
respeito a bandeiras erguidas durante as manifestações. Entre elas, a
medida provisória que destina 100% dos royalties do pré-sal para a
educação, o Plano Nacional de Educação e a ampliação de itens isentos de
PIS/Cofins para empresas de transporte coletivo.
Também já está decidido que serão postos na gaveta a proposta que tira
poderes de investigação do Ministério Público (PEC 37), a emenda
constitucional que submete decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ao
Legislativo e o projeto da chamada "cura gay". Durante as manifestações
de rua, esses projetos foram muito criticados.
Os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), também querem que o Congresso faça um amplo
debate sobre mobilidade urbana. "Independentemente de Copa da Fifa, nós
temos de criar um conjunto de propostas que visem a acabar com o caos
urbano que tumultua a vida dos brasileiros das cidades médias e grandes
há tanto tempo", disse o líder do PT, José Guimarães (CE). "Desse debate
urgente têm de participar o poder público, sociedade civil e grandes
empresários da área de transporte", afirmou.
Consulta
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) propõe uma emenda constitucional que
aprove uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma política, do
sistema tributário e do pacto federativo. Antes disso, porém, acha que a
sociedade brasileira deveria decidir, em plebiscito, que sistema
político quer. "Feito o plebiscito, o Congresso acata a sugestão dada
pelos cidadãos e o Brasil saberá se deve permanecer como está, se adota o
sistema distrital, distrital misto ou qualquer outro. Mas é preciso
ouvir o que a sociedade quer", afirmou.
"O Congresso não pode ser omisso, tem que ter a coragem de enfrentar os
assuntos, fazer as votações, doa a quem doer", disse o líder da minoria
na Câmara, Nilson Leitão (PSDB-MT). Para ele, a Câmara "está cometendo
um equívoco" ao adiar as discussões relevantes para o País, em especial
as políticas de desoneração. Na avaliação do líder do PSD, Eduardo
Sciarra (PR), é preciso aproximar o Legislativo da pauta dos protestos.
Uma possibilidade seria dar mais celeridade a "projetos de anseio
popular". Ele citou como exemplos propostas que tratam de mudanças nas
leis eleitorais e projetos de iniciativa popular.
Adequação
Outros parlamentares começaram a revisar suas propostas, tentando
adequá-las ao anseio popular. Elas serão apresentadas e discutidas na
próxima terça-feira, 25, em reunião do colégio de líderes. "Será dada
urgência aos projetos que atendam às reivindicações", afirmou o deputado
Paulo Teixeira (SP), ex-líder do PT. Ele já escolheu o projeto que vai
apresentar: o que cria regras para apuração de mortes e lesões corporais
provocadas durante confrontos com policiais. A proposta, já aprovada
nas comissões, aguarda votação no plenário.
Apresentado em outubro, o projeto altera o Código de Processo Penal, que
autoriza os agentes públicos a usar os meios necessários para atuar
contra o suspeito que resista à prisão. "É preciso tornar obrigatória a
investigação no caso de a força policial provocar a morte ou lesão
corporal do suspeito", disse Teixeira, que pretende coibir excessos nas
ações policiais. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
(Colaboraram Daiene Cardoso e Ricardo Della Coletta).
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