Condenado no julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) ano passado, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
afirmou nesta sexta-feira, em nota publicada no seu blog pessoal, que
uma minoria se uniu à violência de grupos nas manifestações desta
quinta-feira, 20, numa tentativa de "desestabilizar a democracia".
Para Dirceu, a maior parte dos manifestantes faz reivindicações "por
melhorias na saúde e educação, contra as tarifas e o péssimo transporte e
os gastos nas Copas das Confederações e do Mundo". "Mas há uma
tentativa de setores políticos e sociais de tomar conta de alguns atos,
deixando num segundo plano essas reivindicações majoritárias",
escreveu.
O ex-ministro disse que o movimento conta com "amplo
apoio da mídia", que inicialmente havia, na opinião dele, classificado
os protestos como baderna e exigira repressão. Dirceu afirmou que
"esses setores" procuram mobilizar abertamente sua "base social de
oposição para ir às ruas". Ele destacou que se está explorando as
palavras de ordem contra a corrupção, partidos políticos e a PEC 307,
proposta de emenda à Constituição que limita poderes de investigação do
Ministério Público de forma a dar continuidade "a uma agenda que a
mídia alimentou esses últimos anos contra a política em geral, o que
sempre acaba em ditadura".
José Dirceu afirmou que há uma
tentativa de cooptar a juventude que iniciou os protestos para esse
rumo. "Constrói, ao mesmo tempo, uma narrativa para tentar levar as
manifestações para a oposição contra o governo. Isso não tira a
legitimidade e o direito dos manifestantes opositores ao governo, mas a
atual onda de violência não é vandalismo apenas. São atos políticos
contra símbolos do poder constituído, contra a democracia, já que os
saques são exceção", disse.
O ex-ministro cobrou a união para
mudar e aprofundar "as reformas que fizemos". "Sendo assim, é hora de o
poder constituído ser exercido em defesa da democracia e das
instituições". "Vamos nos unir na defesa do que fizemos, e seguir
mudando e aprofundando as reformas que iniciamos, começando pela
reformas política e tributária. Elas são indispensáveis para avançar
nas mudanças sociais reclamadas com razão pela juventude, nos
transportes, na educação e na saúde", concluiu.
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