ISTAMBUL - O dirigente militar do ilegal Partido dos Trabalhadores do
Curdistão (PKK), Murat Karayilan, advertiu nesta quarta-feira (19) que a
guerrilha poderá retomar a ação armada caso o governo turco não
apresente avanços concretos em direção aos acordos de paz.
Em entrevista à agência pró-curda "Firat", o líder guerrilheiro, além de
ter acusado o "Estado de sabotar o processo de desarmamento", afirmou
que, neste caso, um avanço imprescindível seria a libertação dos
políticos curdos presos.
Máxima autoridade do PKK abaixo do líder Abdullah Öcalan, que se
encontra preso, Karayilan fez essas declarações para mostrar sua
preocupação em torno da postura do Exército, que, além de não ter
reduzido sua presença nas regiões curdas do sudeste, parece fazer
grandes preparativos de combate, apontou.
"De fato, o Estado está fazendo tudo o que está em seu alcance para
sabotar o processo. Estão preparando uma guerra, podemos ver isso
claramente", acusou Karayilan.
Em especial, o guerrilheiro fez uma dura crítica ao fato dos prefeitos,
vereadores e deputados curdos seguirem presos há anos no macroprocesso
contra a União de Comunidades do Curdistão (KCK), um movimento cuja
cúpula é composta pelos dirigentes do PKK.
Centenas deles seguem em prisão preventiva, acusados de "pertinência a uma organização terrorista", e não por crimes violentos.
"Se aqueles que impulsionam a política permanecem em masmorras, a
guerrilha também voltará a atuar. O que eles pretendem? Não querem dar
início a uma nova fase, uma época de uma solução democrática e uma
agenda de solução política, então é preciso libertar os presos políticos
curdos", exigiu Karayilan.
O dirigente militar também criticou duramente o primeiro-ministro turco,
Recep Tayyip Erdogan, pelo fato do mesmo ter voltado a qualificar
Öcalan como um "chefe terrorista", sendo que, até então, o governo
parecia ter adotado um discurso supostamente mais suave.
O guerrilheiro lembrou que o próprio Öcalan, preso desde 1999, anunciou o
"silêncio dos fuzis" e a substituição da luta armada pelo trabalho
político e democrático no último mês de março.
Nenhum comentário:
Postar um comentário