quarta-feira, 19 de junho de 2013

Guerrilha curda ameaça retomar ação armada na Turquia

ISTAMBUL - O dirigente militar do ilegal Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Murat Karayilan, advertiu nesta quarta-feira (19) que a guerrilha poderá retomar a ação armada caso o governo turco não apresente avanços concretos em direção aos acordos de paz.
Em entrevista à agência pró-curda "Firat", o líder guerrilheiro, além de ter acusado o "Estado de sabotar o processo de desarmamento", afirmou que, neste caso, um avanço imprescindível seria a libertação dos políticos curdos presos.
Máxima autoridade do PKK abaixo do líder Abdullah Öcalan, que se encontra preso, Karayilan fez essas declarações para mostrar sua preocupação em torno da postura do Exército, que, além de não ter reduzido sua presença nas regiões curdas do sudeste, parece fazer grandes preparativos de combate, apontou.
"De fato, o Estado está fazendo tudo o que está em seu alcance para sabotar o processo. Estão preparando uma guerra, podemos ver isso claramente", acusou Karayilan.
Em especial, o guerrilheiro fez uma dura crítica ao fato dos prefeitos, vereadores e deputados curdos seguirem presos há anos no macroprocesso contra a União de Comunidades do Curdistão (KCK), um movimento cuja cúpula é composta pelos dirigentes do PKK.
Centenas deles seguem em prisão preventiva, acusados de "pertinência a uma organização terrorista", e não por crimes violentos.
"Se aqueles que impulsionam a política permanecem em masmorras, a guerrilha também voltará a atuar. O que eles pretendem? Não querem dar início a uma nova fase, uma época de uma solução democrática e uma agenda de solução política, então é preciso libertar os presos políticos curdos", exigiu Karayilan.
O dirigente militar também criticou duramente o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, pelo fato do mesmo ter voltado a qualificar Öcalan como um "chefe terrorista", sendo que, até então, o governo parecia ter adotado um discurso supostamente mais suave.
O guerrilheiro lembrou que o próprio Öcalan, preso desde 1999, anunciou o "silêncio dos fuzis" e a substituição da luta armada pelo trabalho político e democrático no último mês de março.

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