segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Valério mentiu em depoimento à Justiça, diz relator do mensalão

O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, afirmou, durante a sessão desta segunda-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF), que Marcos Valério mentiu durante depoimento dado na ação penal.
Valério é apontado na denúncia da Procuradoria Geral da República como o operador do mensalão, suposto esquema de compra de votos de parlamentares para aprovar no Congresso projetos de interesse do governo Luiz Inácio Lula da Silva. O G1 procurou o advogado de Valério, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
"Marcos Valério mentiu em seu interrogatório ao informar valores de empréstimos passados para 2S [de Tolentino] e SMP&B, deixando de mencionar valores à Bônus-Banval", disse, ao se referir à corretora que, segundo a acusação, repassou valores a parlamentares do PP.
"É interessante notar que Marcos Valério muda de versão conforme as circunstâncias ao ser ouvido em juízo", completou o relator, afirmando que Valério disse, depois, que o ex-deputado José Janene, morto em 2010, pediu que recursos do PT fosse repassados para o PP por meio da corretora Bônus-Banval.
Barbosa ainda não concluiu o voto sobre o item 4 da denúncia da Procuradoria Geral da República, que aborda o crime de lavagem de dinheiro atribuído aos réus do núcleo operacional, de Marcos Valério, e do núcleo financeiro, formado por ex-dirigentes do Banco Rural. Segundo a denúncia, Valério obteve empréstimos "fictícios" no Banco Rural para financiar o esquema de pagamento de propina no Congresso.
O relator disse também que, em depoimento que prestou espontaneamente em julho de 2005 à Procuradoria, Valério chegou a confessar a lavagem de dinheiro que alimentava o esquema criminoso.
"É fato que os bancos já tinham conhecimento da destinação de recursos repassados. Delúbio Soares informou que o dinheiro tinha o destino de pagar campanhas do PT. Como os partidos destinatários dos recursos não tinham como compravar esses recursos, tinham que ser pagos em espécie, informou Valério em depoimento", disse Barbosa.

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